Pensamentos, sentimentos e preconceitos entre jovens da periferia de São Paulo: um estudo a partir da teoria dos modelos organizadores do pensamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Siqueira, Mauro Torres
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-19112015-131005/
Resumo: O racismo e a discriminação racial são fenômenos enraizados à realidade brasileira, com vários aspectos, os quais não podem ser ignorados ou negligenciados. A perspectiva afetiva, ligada a dimensão dos valores, sentimentos e pensamentos associados em uma situação de racismo são aspectos explorados neste trabalho, utilizando a Teoria de Modelos Organizadores do Pensamento. Os participantes da pesquisa foram alunos de escolas estaduais da capital do estado. O principal instrumento de coleta consistiu de uma situação-problema narrativa em duas versões, desenvolvidas a partir de pesquisa piloto realizada anteriormente com jovens sobre a temática racial. Foram apresentadas as versões do conflito, para dois grupos de trinta jovens, cada uma das versões acompanhada por um grupo de cinco perguntas respondidas após a leitura do conflito. O principal objetivo da pesquisa foi identificar os Modelos Organizadores do Pensamento construídos pelos participantes ao analisarem um conflito racial. Não foram estabelecidas categorias a priori, tendo em vista o resultado da pesquisa não ser previsível. A primeira das questões pós leitura do conflito arguia os sujeitos sobre o que pensou da situação. As outras questões investigavam que sentimentos tiveram o agressor/ vítima durante do incidente, o que faria o respondente se fosse colega dos dois envolvidos e, por fim, o que faria se estivesse no lugar de Arnaldo, o Professor. Com estas perguntas buscamos extrair os elementos abstraídos e retidos como significativos, os significados e relações e / ou implicações entre eles. Com isso chegamos a extração de seis modelos. No modelo 1, pacificação, as respostas agrupadas tiveram como implicação entre elementos abstraídos e significados atribuídos a reflexão sobre a inadequação do preconceito, com base no valor humano ou com base na legalidade. No modelo 2, agressão e revolta, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi punir o agressor por seu comportamento preconceituoso. No modelo 3, frustração, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi agressividade ou passividade, no caso do agressor e auto-punição no caso da vítima. No modelo 4, superioridade, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi o sentimento de superioridade como mote para a atitude do agressor. No modelo 5, conflito de valores, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi o conflito entre o valor respeito a propriedade e o valor respeito a pessoa. No modelo 6, Restrição de avanços sociais, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi a de o preconceito ser um impedimento de progressos no sentido de uma sociedade da paz, melhor para todos. Esses achados nos permitiram melhor vislumbrar os afetos envolvidos em um conflito racial, que tem efeito não apenas sobre os jovens negros, mas também sobre os brancos, que constroem sua identidade a sobre égide da branquitude/negritude.