Uma só Globo: o caso da Globoplay na plataformização da empresa brasileira de comunicação.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Ana Flávia Marques da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27164/tde-02072024-120927/
Resumo: Esta tese estuda o processo de plataformização da maior empresa brasileira de comunicação: a Globo Comunicação e Participações (GCP). Através da metodologia do estudo do caso (Yin, 2019) de sua plataforma de streaming, a Globoplay, da combinação de técnicas e da coleta de informações de diferentes fontes, buscamos descrever os principais aspectos que foram modificados pela lógica da datificação no processo de produção deste tipo de indústria cultural nacional. Com o apoio teórico-metodológico do método materialista dialético, a mobilização de conceitos da sociologia, da geografia, da abordagem da linha da economia política da comunicação, somado à conceitualização do binômio comunicação e trabalho (Figaro, 2008), o percurso da pesquisa foi constituído pelas fases: a) historicização das plataformas para identificação das bases originárias desta infraestrutura, a partir da análise das crises do capital de 1970, 2000 e 2008 e o legado de cada um destes acontecimentos no regime atual das plataformas; b) teorização acerca das plataformas por meio de cotejamento dos conceitos elaborados por diferentes áreas da ciência para reconhecer as categorias reincidentes e a formulação da concepção teórica de plataformas de comunicação e trabalho como forma de operacionalizar o nosso objeto durante a trajetória da pesquisa - a moldura desta etapa é a plataformização de setores dinâmicos do capital; c) a sistematização e a explicitação da reestruturação produtiva da Globo, cuja centralidade assumida é a do modelo de empresa plataforma e do uso dos dados da audiência no processo de planejamento, produção, circulação e divulgação de seus produtos; d) a interpretação e a consolidação dos elementos estruturais que qualificam as mudanças na empresa. Como resultado, demonstrou-se que a comunicação, sobretudo nos momentos de abalo do sistema capitalista, é responsável por inovações na geração de valor ao capital. As plataformas assumem centralidade na nova planta produtiva da Globo e conformam a cadeia de produção de valor que, em nosso tempo, é mais complexa por atuar em rede com sentidos verticais e horizontais. Essa reestruturação se dá em meio ao sistema comandado pelas plataformas estruturais, mas também conta com outras setoriais, cujo objetivo é garantir a função primordial de geração de dados pelos usuários finais. Diante deste cenário, a Globo ampliou a produção de produtos e serviços digitais. Esta transfiguração reflete na criação de novos arranjos espaciais e organizacionais (Santos, 2006), na exigência de novos saberes, conhecimentos e habilidades profissionais e também tensiona as fronteiras entre as empresas globais e nacionais, assim como provoca instabilidades e alterações na divisão sociotécnica do trabalho de nossa época. Evidenciou-se ainda as modificações no uso da infraestrutura para suportar o uso dos dados; as inferências dos dados atuam no fluxo não linear da programação disponível na Globoplay e em cada etapa da produção, especificamente nos produtos audiovisuais das áreas de jornalismo, entretenimento, esportes e no serviço de radiodifusão. Por fim, ao mesmo tempo em que a empresa busca se fortalecer como a principal produtora de conteúdo no país e na América Latina, ela também se posiciona perante o mercado como a detentora dos dados de sua audiência no Brasil.