O sinal é este mesmo bilhete: uma tipologia documental para os escritos da roda dos expostos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Dias, Elizangela Nivardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-14022019-104427/
Resumo: Esta tese estuda, a partir de uma perspectiva filológica, os escritos que acompanhavam as crianças depositadas anonimamente na roda dos expostos, para que fossem criadas pelas Misericórdias. A partir de pesquisas de campo em quatro arquivos, localizados nas Santas Casas de Misericórdia de São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Lisboa, constituímos um corpus de 60 escritos, com datas entre 1790 e 1923. Examinamos o contexto de circulação desses escritos, a definição de termos frequentes e/ou próprios do estudo das rodas dos expostos e tratamos dos contextos institucional, jurídico e histórico das rodas dos expostos. Apresentamos a reprodução fac-similar, a transcrição semidiplomática do corpus da pesquisa e a descrição codicológica dos escritos. Por meio da análise diplomática do corpus, examinamos os elementos extrínsecos e intrínsecos que o caracterizam. A presença de sinais, que permitiriam o resgate futuro da criança depositada, é própria dos escritos da roda. Há vários sinais nos escritos do corpus, os quais podem ser tanto elementos textuais como não-textuais. Dividimos o estudo do texto dos escritos em duas partes principais: a expositio, na qual o autor fornece as informações sobre o exposto que considera importantes (o nome da criança, a data de nascimento e o fato de a criança estar ou não batizada); e a dispositio, em que o autor manifesta suas vontades e intenções ao destinatário (de maneira geral, relacionadas aos sinais e ao resgate da criança). A partir do estudo tipológico, concluímos que grande parte dos escritos da roda corresponde à espécie documental carta, tanto em sua função quanto em sua forma. Observamos também a ocorrência, em menor número, de outros padrões tipológicos, que correspondem ao poema, à narrativa, e à lista de dados. Embora haja alteração da forma, nos quatro tipos de escrito identificados sempre constam as informações essenciais sobre o exposto. Essa regularidade nos escritos da roda revela que, mesmo não se tratando de documentos oficiais, os escritos da roda apresentam-se como documentos informais de identificação da criança. Apesar de não haver fórmulas oficialmente prescritas, os escritos apresentam, por padrões inferidos, uma prática tipológica que se caracteriza como parte da cultura da roda.