Restos de guerra: trajetórias e modos de vida dos jovens no município de Cacuaco, Luanda - Angola - 2009

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Tati, João Tibúrcio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-14012010-154806/
Resumo: O conflito civil em Angola durou três décadas, com êxodo de populações, a pobreza, a exclusão social, a vivências em campos de deslocados sobrevivendo de dádivas das organizações humanitárias nacionais e internacionais. Com dilaceração do conflito muitos dos progenitores dos nossos jovens nasceram e crescer e participaram no conflito, sendo por legado os nossos sujeitos também nasceram durante o conflito que recentemente terminou em 2002, aliados a vários esforços de pacificação. Desvelar as trajetórias, modos de vida e sofrimentos foi o nosso objetivo e, com a contribuição da etnografia e o recurso de observações participante e entrevistas semiestruturadas aos jovens no trabalho informal, pudemos nos inteirar das dinâmicas, redes, dificuldades, aspirações e dignidade social das atividades informais. A migração de populações, em especial crianças, jovens e adultos no período de conflito armado, causou sofrimentos físicos e psicossociais, aliados as humilhações culturais e por solidariedade residem zonas suburbanas, e os biscates são a fonte de sobrevivência e sustento das famílias. No pós-guerra, as dificuldades herdadas no conflito como; exiguidade de infratruturas básicas, aliadas a desestruturação das famílias, os mantém como excluídos e incluídos em redes de solidariedade e encontram no mercado de rua diurno como atividade dignificante socialmente. O trabalho penoso de rua, que se baseia no ganho pelo (esforço individual), para fazer face as exigências recorrem a alimentação energética, consumo de álcool para permeabilizar atividade e ou lubrificar as relações sociais. As jovens recorrem as atividades de venda à pé e porta a porta, e outras na revenda mercadorias nos mercados paralelos. Existe ainda cultura do álcool como; analgésico, tranquilizador, energético e prazeroso, em situações de fadiga, exaustão e penosidade; o consumo é no intuito de amenizar sofrimentos físicos, e psicossociais. Os conflitos armados dilaceram o tecido social e com graves problemas de saúde pública nas populações. Com a estabilidade política os jovens merecem maior atenção pelas instituições públicas na criação de políticas abrangentes aos jovens em situação de precariedade, como forma de reduzir a exclusão, pobreza, analfabetismo, doenças e mortes nesta franje da população