Dinâmica espaço-temporal dos manguezais brasileiros: efeitos das mudanças climáticas e flutuações do nível do mar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Figueiredo, Beatriz Luna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64134/tde-04092023-141437/
Resumo: As mudanças climáticas e flutuações do nível do mar foram as principais forçantes que impulsionaram a dinâmica dos manguezais da costa brasileira ao longo do Holoceno. Entretanto, outros fatores podem influenciar na implantação e dinâmica desse ecossistema, como volume da descarga fluvial, sedimentação costeira, migração de canais etc. O objetivo da tese foi caracterizar a implantação e a dinâmica dos manguezais localizados ao longo do litoral brasileiro com diferentes características climáticas, geomorfológicas e oceanográficas, em Extremoz, Rio Grande do Norte (5º S), Anchieta, Espírito Santo (20º S) e Laguna, Santa Catarina (28º S), em uma escala milenar, secular e decadal através da integração das análises de sensoriamento remoto (imagens de satélite e drone), e do conteúdo polínico, dados geoquímicos (ED-FRX), isotópicos e elementares (13C, 15N, C/N e C/S) e de salinidade da água intersticial do substrato de mangue, com controle temporal vinculado à datação 14C. O aumento do Nível Relativo Marinho (NRM) pós glacial promoveu a implantação de manguezais ao longo do litoral tropical brasileiro por volta de 7000 anos cal AP. Em Extremoz, observou-se que o manguezal sofreu mudanças na sua distribuição devido à migração de canal, a qual tem sido controlada pelas variações do NRM, sedimentação costeira e avanço de dunas ativas. Os dados de sensoriamento remoto indicaram tendência de expansão do manguezal na área de estudo entre 1984 e 2010 (2,93 a 4,90 km²), provavelmente associado à regeneração natural do manguezal, e um tênue decréscimo em 2021 (4,49 km²) devido ao aumento de novas fazendas de camarão. No estudo realizado na região de Anchieta, a dinâmica do manguezal durante o Holoceno foi controlada principalmente pelas variações do NRM e mudanças na precipitação. Em Laguna (28º S), limite sul da distribuição do ecossistema no litoral brasileiro, observou-se o estabelecimento do manguezal no último milênio representado por Laguncularia e Avicennia, provavelmente favorecido pelo aquecimento natural do Holoceno superior, com registro de pólen de Rhizophora somente nas últimas décadas. Considerando um aumento do NRM e intensificação de eventos climáticos extremos projetados para o final deste século, estima-se que provavelmente os manguezais tropicais migrem para setores topograficamente mais elevados, onde sua extensão dependerá da taxa de aumento do NRM e do volume da descarga fluvial. Em relação aos manguezais subtropicais, com o aumento das temperaturas do ar e da água e da elevação do NRM, provavelmente, os manguezais migrarão para além de seu limite latitudinal atual e é esperado que ocorra um aumento na diversidade de espécies de mangue em Laguna, com o estabelecimento e desenvolvimento de Rhizophora