Ética e educação em John Dewey: o homem comum e a imaginação moral na sociedade democrática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Trindade, Christiane Coutheux
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10112014-110608/
Resumo: John Dewey (1859-1952) responde por reflexões pedagógicas de grande disseminação, encontradas em meio a uma vasta produção que trata de múltiplas questões prementes de seu tempo, em particular aquelas relacionadas à democracia. Partindo da premissa de que sua filosofia da educação é melhor compreendida quando associada a suas reflexões mais abrangentes, elegeu-se como objetivo desta pesquisa a análise da ressonância da ética de John Dewey em seus ideais pedagógicos, diante de sua concepção de sociedade democrática. O autor se opõe à compreensão da moral como reduto exclusivo da subjetividade sua ética é social e cultural, nascendo o exercício moral de um contexto que serve de base para a busca de alternativas diante de conflitos. Impulso, dever, desejo, interesse, hábito e consequência são componentes da deliberação moral, que ocasionalmente entram em disputa e contam com o apoio da razão e da sensibilidade para descobrirem formas de se harmonizar esse ajuste é a ética, que se efetiva ao considerar as possibilidades de crescimento pessoal e comum que uma decisão traz. Importa a Dewey devolver a ética ao homem comum, nas sua ações cotidianas, para que cada um possa tomar parte das responsabilidades sobre si mesmo e sobre a vida comunitária. Somos constituídos por nossos atos e, portanto, a conduta expressa o caráter. Por isso, o autor confere importância aos hábitos, enquanto resposta rápida às demandas da vida prática, mas assegura à inteligência o papel de conduzi-los, interrompendoos sempre que não respondem adequadamente. Porque não estamos sozinhos no mundo, a ética se faz necessária e é condição para a convivência. Todavia, esse contato não é apenas restritivo; é também chave para uma expansão de sentidos da experiência e para a descoberta de dimensões mais profundas de existência. Essa relação complexa com o outro desafia a inteligência a prospectar alternativas mais integrativas quando escolhemos a democracia. Com isso, a imaginação moral é imprescindível para que o homem desvende novos caminhos em situações de crise. Ela permite ao sujeito um deslocamento para variadas posições, viabilizando a empatia efetiva por interesses alheios. Logo, a imaginação moral é vista por Dewey como um ensaio dramático, em que antecipamos mentalmente resultados esperados em diversos cursos de ação. Essa variedade de opções é criada pela imaginação, cuja liberdade em desenhar mundos possíveis deriva de sua capacidade de articular razão e sensibilidade. Para Dewey, a educação fomenta hábitos e valores, ou seja, promove um certo tipo de cultura. Assim, para que se volte a uma ética democrática, precisa cotidianamente trabalhar com práticas e princípios condizentes. Deve formar hábitos flexíveis e alargar a imaginação, para que esta possa se expressar viva e criativamente. Educação, democracia e ética têm como sujeito o homem comum, que pode forjar um caráter para si e, ao mesmo tempo, participar da condução do mundo que habita. Apenas pelo uso de meios democráticos, em que o interesse pessoal e o comum se articulam, pode uma sociedade se tornar democrática: a filosofia da educação de Dewey ressoa em suas muitas proposições a busca ética por essa harmonia.