Fatores de risco para o abandono do tratamento hospitalar para transtorno alimentares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Carvalho, Lorena Soares Lins de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-14082013-100854/
Resumo: INTRODUÇÂO: Embora seja um evento freqüente, não existe um consenso de quais fatores estariam envolvidos no abandono do tratamento para transtornos alimentares. O presente estudo teve por objetivo a identificação de fatores de risco para o abandono do tratamento hospitalar para anorexia nervosa e bulimia nervosa. Aspectos prévios a hospitalização, aspectos clínicos presentes no ato da internação e fatores relacionados ao período do tratamento hospitalar de pacientes que abandonaram e completaram o tratamento foram comparados MÉTODOS: Foi executado um estudo de caráter retrospectivo, do tipo caso-controle, com o abandono do tratamento sendo considerada a condição de interesse. Prontuários de pacientes do sexo feminino admitidas em uma enfermaria especializada no tratamento de anorexia e bulimia nervosas entre os anos de 2005 e 2010 foram revisados. RESULTADOS: Do total de 259 internações e 178 pacientes, foram sujeitos da pesquisa 103 mulheres, das quais 83 completaram o tratamento e 20 o abandonaram, resultando em uma taxa de abandono do tratamento de 19,42%. Para o tratamento estatístico dos dados, foi realizada análise univariada, com posterior análise multivariada das variáveis consideradas significantes, através de regressão logística do tipo passo a passo com seleção para trás. Na análise univariada, afastamento profissional devido à gravidade da doença, existência de relacionamento afetivo, IMC mais baixo na admissão, internações motivadas por baixo peso, diagnóstico de anorexia nervosa e presença de comportamentos purgativos (presente em todas as pacientes que abandonaram o tratamento) foram considerados como fatores relacionados ao abandono do tratamento. Após a condução da regressão logística, encontramos que pacientes que no momento da internação estavam afastadas do emprego devido à gravidade da doença, mantinham um relacionamento amoroso e foram hospitalizadas devido ao baixo peso foram mais propensas a abandonar o tratamento. CONCLUSÕES: Na presente amostra, o abandono do tratamento foi influenciado por fatores sociodemográficos (licença médica e existência de relacionamento amoroso), por variáveis diagnósticas (diagnóstico de anorexia nervosa e presença de sintomas purgativos) e aspectos da gravidade dos sintomas (IMC mais baixo e internação motivada por baixo peso). Tais resultados nos remetem ao caráter egosintônico dos transtornos alimentares, especialmente da anorexia nervosa, além de trazer um paradoxo: pacientes que na admissão apresentavam quadros mais grave do transtorno (com menor peso e impossibilitadas de exercer funções laborais) foram mais propensas a abandonar o tratamento. Embora apresente diversas limitações, principalmente em função do desenho retrospectivo, a presente pesquisa é o primeiro estudo sobre o abandono do tratamento hospitalar para transtornos alimentares realizada no Brasil. Sugere-se a execução de investigações com delineamento prospectivo que confirmem ou refutem os resultados aqui encontrados