A Floresta Atlântica Montana do Sudeste do Brasil: migração altitudinal e microrefúgios durante o Pleistoceno Tardio e Holoceno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Maicon Alicrin da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41132/tde-13042021-084948/
Resumo: A Floresta Atlântica Montana do sudeste do Brasil é um ecossistema único em todo o mundo, pois abriga espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, que são vulneráveis ao aquecimento global. Para contribuir com a futura preservação desse ecossistema, este estudo reconstitui a vegetação pretérita de duas áreas montanas no Sudeste e sua relação às mudanças climáticas do Último Máximo Glacial (esfriamento) e Holoceno Médio (aquecimento). Para esses objetivos, foram testadas as seguintes hipóteses: a) migração da Floresta Atlântica Alto-Montana para a região da Serra do Mar de São Paulo durante o Último Máximo Glacial há ca. 22.000 anos calibrados Antes do Presente (anos cal. AP); b) migração altitudinal e formação de microrefúgios com táxons florísticos típicos da Floresta Atlântica Montana como resposta ao aumento das temperaturas durante o Holoceno Médio, ca. 6.000 anos cal. AP, no sudeste do Brasil. O teste dessas hipóteses foi realizado por meio da análise palinológica, estudos de chuva polínica moderna e análise de geoquímica orgânica (C, N, C/N, δ13C, δ15N) em sedimentos do Núcleo Curucutu do Parque Estadual Serra do Mar (SP), a 765 m de elevação, e no Parque Nacional do Itatiaia (MG/RJ), a 2386 m. Os resultados palinológicos no Núcleo Curucutu evidenciam a migração de Araucaria angustifolia para a região entre 25.351 e 19.862 anos cal. AP, sugerindo a presença da floresta ombrófila mista em sincronia com Campos de Altitude em uma paisagem do tipo mosaico floresta/campo. Durante o período de 11.473 e 3.987 anos cal. AP, observa-se aumento significativo de vegetação florestal, confirmando a migração altitudinal de táxons montanos de regiões adjacentes e das encostas da Serra do Mar para áreas acima de 750 metros de altitude. Os resultados palinológicos do Parque Nacional do Itatiaia validam a migração altitudinal para áreas acima de 2.200 metros de altitude com a formação de microrefúgios. Esse processo ocorreu de forma gradual e continua com início por volta de 6.213 anos cal. AP e perdurou até 4.255 anos cal. AP. Os dados palinológicos também mostram que o Holoceno Médio dessas duas localidades foi caracterizado pela presença de núcleos de microrefúgios (capões) dispersos em paisagem campestre, sob condições úmidas e frias enquanto as terras baixas experimentavam climas quentes. As análises geoquímicas orgânicas apoiam independentemente os resultados palinológicos e confirmam a presença de plantas com ciclo fotossintético C3 entre 6.000 e 4.000 anos cal. AP, sugerindo a presença de vegetação campestre/arbórea úmida em ambas as localidades. As análises estatísticas com os dados da chuva polínica moderna permitiram a diferenciação dos tipos de vegetação, bem como a identificação dos principais componentes dos espectros polínicos nas duas áreas de estudo e a posição da linha de árvores do Parque Nacional do Itatiaia, subsidiando e contribuindo para o teste das hipóteses paleoecológicas propostas para o Último Máximo Glacial e Holoceno Médio.