Qualidade de vida de trabalhadores de enfermagem com distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Ratier, Ana Paula Pelegrini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7140/tde-22082012-151611/
Resumo: Esse estudo teve como objetivo apreender a qualidade de vida (QV) de trabalhadores de enfermagem acometidos por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) e construir possíveis estratégias para a melhoria da mesma. Investigamos a QV em trabalhadores de Enfermagem com DORT em membros superiores de um Hospital Universitário. O estudo, de caráter exploratório-descritivo e abordagem qualitativa, foi desenvolvido tendo como população os trabalhadores de enfermagem de um hospital público universitário, constituindo 11 mulheres e dois homens, portadores de DORT em membros superiores, representantes de todas as categorias de enfermagem e de diversas unidades assistenciais. A coleta de dados foi realizada através de entrevista individual e grupo focal. Após aprovação do projeto em Comitê de Ética, a coleta de dados foi iniciada através das entrevistas com os sujeitos eleitos. Foram realizadas, também, cinco sessões de grupo focal, no período de novembro a dezembro de 2011. Os resultados de caracterização mostram que a média de tempo de trabalho nesta instituição é de 19 anos, denotando extensa exposição a cargas fisiológicas; sete trabalhadores realizam, concomitantemente ao trabalho remunerado, afazeres domésticos integralmente e cinco deles parcialmente; as atividades de lazer são apenas ocasionais; a maioria dos sintomas refere-se a quadros dolorosos em ombros, o que acaba prejudicando também a realização de atividades básicas e cotidianas. Após o tratamento dos dados de caracterização, as falas foram submetidas à análise de conteúdo e permitiram apreender quatro categorias: existindo com dor, QV é não ter limitações, meu trabalho influenciando na minha QV e cuidando e sendo cuidado. Na primeira categoria, os relatos revelam a influência da dor na constituição do sujeito, em suas expectativas e sua relação com o quadro emocional. Com relação à qualidade de vida, evidenciamos que esta encontra-se prejudicada pela co-existência de dois aspectos, mencionados na segunda e terceira categorias: dor e consequentes limitações e inadequações na organização e processo de trabalho, sendo mencionados alguns fatores desfavoráveis do cotidiano laboral: excesso de tempo no local de trabalho, inadequação de equipamentos e organização e processos de trabalho inapropriados. Dessa forma, as falas dialogam com as definições de Qualidade de Vida Relacionada à Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho, sendo essas indissociáveis do conceito de QV para esses trabalhadores, já que as percepções do valor atribuído à vida estão sob influência da dor e que inadequações no processo de trabalho alteram significativamente a QV. Na última categoria, verificou-se satisfação com o processo grupal, com crescente conscientização e mudanças no cuidado a si. Em especial, foram despertadas ações cruciais para controle de quadros crônicos de DORT: a atenção a si e às combinações de fatores pessoais, físicos, sociais e emocionais. Também foram observados o meio, com seus riscos e benefícios e simples estratégias de saúde, apreendidas e construídas coletivamente. Construiu-se, junto aos trabalhadores, um programa educativo onde foram oferecidas novas perspectivas para amenização de sintomas, bem como modificações comportamentais relacionadas a componentes posturais e ambientais, indo ao encontro de um dos princípios de Promoção da Saúde e abordando um dos pilares da QV para esse grupo. Conclui-se que a QV desses trabalhadores está intimamente relacionada à dor e ao trabalho. Compreendeu-se que há a necessidade de combinação de estratégias mutissetoriais, com responsabilização dos próprios indivíduos e existência de ações coletivas do sistema de saúde e da comunidade