Resumo: |
A compreensão da Ciência como um empreendimento dinâmico e em constante transformação tem se tornado uma das mais importantes metas da educação científica nos últimos anos. É quase senso comum que discussões sobre a Natureza da Ciência (NdC) sejam incorporadas nos currículos de ciências. De uma forma geral, a NdC pode ser definida como um arcabouço de saberes sobre as bases ou princípios epistemológicos envolvidos na construção do conhecimento científico. Uma das maneiras de se ensinar NdC é a discussão de episódios da História da Ciência. Nesse trabalho, analisamos em detalhes o desenvolvimento, a repercussão e a aceitação da óptica newtoniana; particularmente, estudamos sua popularização na Europa do início do século XVIII, principalmente na Grã-Bretanha. Neste período ocorreram mudanças sociais e culturais significativas, entre elas, a valorização da Filosofia Natural e seus produtos, o estabelecimento da mecânica e óptica newtonianas e da imagem de Isaac Newton como um representante da genuína filosofia natural. Assim, na época, foram selecionados e incorporados aos tratados de física apenas aspectos de sua óptica que evidenciavam o caráter indutivista e que ao mesmo tempo podiam ser conciliados com sua mecânica. A partir deste estudo histórico, aspectos da NdC podem ser explicitamente discutidos, por exemplo, a questão da inexistência de um método científico universal, a influência do contexto e do prestígio do pesquisador em questão na aceitação ou rejeição de suas idéias, o caráter provisório do conhecimento científico, a importância da maneira como as idéias são apresentadas, entre outras coisas. Este tipo de discussão é relevante para diversos âmbitos da formação de professores, favorecendo a construção de uma imagem adequada da Ciência de um modo geral. |
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