O universo contraditório dos cuidados posturais em crianças: representações sociais de profissionais de saúde, professores, funcionários, familiares e alunos em torno da postura humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Guazzelli, Maria Elisabete
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-28042021-121534/
Resumo: Os cuidados posturais têm despertado progressivo interesse tanto nos meios acadêmicos e técnicos quanto nas diferentes mídias leigas. Recebe especial atenção quando relacionados à abordagem postural na criança em idade escolar. No entanto, é possível observar inúmeras controvérsias nos discursos técnicos sobre a postura humana, onde se percebe a presença de valores culturais e sociais misturados à conceitos de natureza anatômica e funcional. Os índices apresentados para avaliação de boa postura são frágeis e confusos, dependendo inúmeras vezes de conceitos pessoais do examinador. Objetivos: Esse trabalho pretendeu investigar representações sociais em torno do corpo que geram a preocupação com os desvios posturais na criança, bem como identificar os diferentes discursos em torno da postura humana, além de discutir as representações sociais dos adultos frente ao corpo, que desencadeiam a idéia de intervenção postural no ambiente escolar e evidenciar as contradições presentes nos discursos médicos, pedagógicos e estéticos em torno da postura humana. Métodos: Na tentativa de atingir esses objetivos foi feita uma revisão bibliográfica analisando os discursos médicos em torno da postura e algumas questões associadas ao aumento das preocupações com o corpo, radicalizadas nos dias atuais. A partir desses pressupostos teóricos foram analisados discursos associados à postura junto à população. Foram ouvidos 57 profissionais da área de saúde, incluindo nesse grupo fisioterapeutas, quiropráxicos, médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, além de acadêmicos dos cursos de fisioterapia, enfermagem e quiropraxia, 33 professores e funcionários de escolas de primeiro e segundo grau de escolas públicas e particulares, 27 familiares de crianças e adolescentes, incluindo nesse grupo pais, mães, avós e tios, além de 12 alunos de escolas de segundo graus. Esses sujeitos moram, estudam e trabalham na Grande São Paulo: em Osasco, Guarulhos, Mauá, Santo André, São Paulo, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Usou-se como recurso metodológico uma abordagem qualitativa conhecida como Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: Observou-se que os discursos técnicos em torno da postura surgiram em resposta a uma demanda social que marcou a passagem do Antigo Regime - o regime aristocrático, para o Novo Regime - a organização do Estado, atendendo a necessidades criadas mais pela lógica de produção e mercado do que propriamente por questões anátomo-funcionais e clínicas. O modelo proposto para o corpo, bem como os novos cuidados a ele dispensados utilizaram-se do progressivo constrangimento e disciplina representados pelo autocontrole e autocuidado, iniciados desde as primeiras fases do desenvolvimento da criança.