No fio da Navalha: Individuando a relação terapêutica com o suicídio de adolescentes e jovens na clínica junguiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira, Santina Rodrigues de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-30082023-150801/
Resumo: Este estudo visa conhecer como psicoterapeutas junguianos lidam com temas relacionados ao suicídio entre adolescentes e jovens que buscam psicoterapia no campo da psicologia analítica, escola fundada no início do século XX pelo psiquiatra suíço-alemão C.G. Jung (1875-1961). Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada à luz desta teoria e das ideias de James Hillman, que propôs uma abordagem arquetípica do fenômeno. A coleta de dados se deu por meio de uma pesquisa-ação com um grupo de 8 psicoterapeutas em 6 encontros, incluindo recursos expressivos em dois deles (desenhos individuais e pintura coletiva) para facilitar a livre expressão de ideias e emoções. A análise considerou a transcrição das gravações dos diálogos do grupo e o conteúdo imagético das produções expressivas. Foram identificados quatro eixos temáticos transversais, além de subcategorias formadas por núcleos de sentido mais significativos para as hipóteses e objetivos do estudo. Foi observada a falta de fundamentação teórica específica para o manejo do suicídio, que se mantém orientado por parâmetros gerais da psicoterapia junguiana. Os terapeutas apresentaram uma visão crítica da medicalização do suicídio, preponderando certa animosidade na avaliação dos conflitos vividos na interdisciplinaridade com psiquiatras. Transpareceu nos encontros do grupo indisponibilidade para lidar com essa tensão de modo prospectivo, indicando sentimentos de inferioridade e rivalidade diante do poder institucionalizado do ato médico. A influência do tabu do suicídio foi reconhecida pelos terapeutas no percurso educacional e de formação analítica, com sentimentos de inadequação e desamparo, o que reforça a necessidade da inclusão do tema suicídio na graduação, pós-graduação (aprimoramento, especialização lato sensu), e nos cursos de formação de psicoterapeutas e analistas junguianos. A inclusão dos estudos do suicídio por instituições pode diminuir o peso da individualização dos esforços do psicoterapeuta para lidar com o fenômeno em sua prática, que constitui importante fator de estresse especialmente no cenário pós-pandêmico. Essa iniciativa institucional permitiria aproximar a psicologia analítica da universidade e dos serviços e políticas de saúde pública, de modo a desassociá-la do contexto exclusivamente clínico, e ampliar sua contribuição social frente aos desafios do país, considerando suas particularidades teóricas e metodológicas, a exemplo do legado deixado por Nise da Silveira pouco incluído nas práticas dos participantes da pesquisa. Tal aproximação pode redundar em maior integração dos profissionais junguianos, especialmente em termos interdisciplinares campo de fortes ambiguidades e tensões , além de fomentar mais pesquisas sobre o tema. Considerando o objetivo principal deste estudo, o grupo serviu para acolhimento, reflexão e confrontos de dificuldades, relativizando padrões idealizados da identidade profissional, permitindo a integração de alguns aspectos sombrios e confirmando a contribuição desta pesquisa-ação em seus termos teórico-metodológicos. Além de interlocuções e debates, são sugeridos simpósios e grupos de estudos e de acolhimento voltados à compreensão teórica e ao manejo do suicídio em termos transdisciplinares, para aprimorar a abordagem junguiana e preservar a saúde mental dos psicoterapeutas, junto à análise pessoal e à supervisão.