A educação física na escola brasileira de primeiro e segundo graus, no período de 1930-1986: uma abordagem sociológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1988
Autor(a) principal: Betti, Mauro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39131/tde-10062022-100301/
Resumo: A educação física enquanto componente curricular do 1o e 2o graus foi analisada numa perspectiva sociológica, objetivando: (1) estabelecer a influência da política educacional nas suas propostas pedagógicas, durante o período de 1930-1986; (2) investigar a origem histórica destas propostas; (3) elaborar um modelo sociológico da educação física, obtido a partir da sociologia da educação e da sociologia do esporte. A abordagem metodológica foi feita com base na teoria dos sistemas. A técnica de pesquisa envolveu a coleta e análise de conteúdo de documentos legais e textos especializados produzidos na época em questão. O exame histórico dos séculos XVIII e XIX revelou que os sistemas ginásticos europeus, surgidos num contexto de nacionalismo e militarismo, e o movimento esportivo inglês, de caráter liberal-aristocrático, formaram a base institucional da educação física no mundo atual. O esporte foi analisado como fenômeno social e detectada sua influência sobre a educação física. Evidenciou-se também a necessidade de uma reflexão pedagógica sobre o esporte, para integrá-lo como meio da educação formal. A investigação histórica da educação física no Brasil permitiu distinguir quatro fases O período 1930-1945 foi a fase de estabelecimento das bases da educação física nacional, para a qual convergiram os interesses do estado, do9 sistema militar e dois educadores, centrados no nacionalismo, preparação militar, eugenia e busca da higiene/saúde. O período 1946-1967 foi de relativa retração do apoio à Educação Física por parte do Estado, ao mesmo tempo em que se iniciou um questionamento das bases pedagógicas estabelecidas. O período 1969-1979 marcou a ascensão do esporte à razão do estado, a inclusão do binômio educação física /esporte na planificação estratégica do governo e a esportivização da educação física escolar. O período 1980-1986 caracterizou-se por um profundo questionamento das bases da educação física e uma radical mudança referenciais, com a ascensão da concepção sócio-política da educação física. Concluiu-se que a mudança das concepções pedagógicas e dos modelos de homem desejados não são fatores suficientes para explicar as mudanças ao nível da prática pedagógica do trinômio professor-aluno-matéria de ensino, fazendo-se necessário uma análise de atividade física enquanto um fenômeno sui-generis. Foram identificadas algumas variáveis pedagógico-didáticas e sócio-psicológicas envolvidas na ativação dos mecanismos de sociabilização e formação de personalidade presentes no processo ensino-aprendizagem em educação física. O comportamento destas variáveis foi analisado nos métodos utilizados pela educação física no período (método francês, método desportivo generalizado e método esportivo). Um modelo sociológico sistêmico foi proposto com base nos seguintes elementos: (1) política educacional; (2) objetivos do sistema escolar; (3) objetivos educacionais da educação física; e (4) processo ensino-aprendizagem. Considerou-se também a influência da herança histórica e dos interesses do sistema militar e esportivo. A finalidade do sistema foi definida como a formação da personalidade humana para atuar no meio social. Concluiu-se, à luz da teoria dos sistemas, que a educação física, enquanto um sistema hierárquico e aberto, possui uma tendência auto integrativa, de submeter-se ao todo social, respondendo aos estímulos da política educacional e de outros sistemas sociais, mas também uma forte tendência auto afirmativa, de agir como um subsistema autônomo, dificultando a implantação de mudanças ao nível da relação professor-aluno-matéria. O modelo sistêmico proposto revelou-se útil para explicar a trajetória da educação física no período 1930-1986