Ingestão aguda de lipídeos e alteração da perfusão cerebral de pacientes obesos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Lima, Cristiane Maria Mártires de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-11052022-153438/
Resumo: A obesidade humana é caracterizada pelo acúmulo corporal de tecido adiposo branco. Sua fisiopatologia não pode ser somente explicada por um desequilíbrio entre ingestão e consumo de energia. Há uma série de fatores genéticos, humorais, ambientais e comportamentais interligados contribuindo para um balanço energético positivo e consequente ganho ponderal. Na regulação do comportamento alimentar, periferia e sistema nervoso central interagem por meio de sinais de fome e saciedade deflagrados por nutrientes ingeridos e peptídeos gastrointestinais. Todavia, pouco ainda se conhece sobre a ingestão de nutrientes isolados e suas repercussões no cérebro. Dessa forma, nossa hipótese é que a ingestão de lipídeo provoque alterações na atividade cerebral relacionadas à obesidade. Objetivos: Identificar quais regiões cerebrais são funcionalmente relacionadas à ingestão de lipídeos. Comparar a perfusão cerebral de voluntárias com e sem obesidade. Correlacionar alterações do fluxo sanguíneo cerebral com a gordura corporal e níveis séricos de glicose, triacilglicerois, insulina e leptina. Materiais e Métodos: Ensaio clínico, aleatorizado e cego envolvendo dois grupos de pessoas. Dez mulheres com obesidade e dez sem obesidade foram avaliadas por meio de exame clínico, calorimetria indireta, bioimpedância elétrica, exames laboratoriais (dosagens séricas de glicose, insulina, leptina e triacilglicerois) e Single-photon Emission Tomography cerebral após ingestão de água e de solução lipídica, tendo sido as voluntárias controles de si mesmas. Resultados: As médias (desvios padrão) do índice de massa corporal dos grupos sem e com obesidade foram respectivamente 21 (1,7) e 35 (3) kg/m2. Também houve diferenças entre os grupos nas seguintes variáveis expressas em valores aproximados por média (desvio padrão): pressões arteriais sistólica - 107 (13) x 118 (12) mmHg, diastólica - 64 (10) x 74 (8) mmHg, HDL-colesterol - 53 (13) x 39 (6) mg/dL, nas glicemias dos tempos 0 - 82 (8) x 90 (5) mg/dL e 120 minutos do teste oral de tolerância à glicose - 84 (13) x 100 (18) mg/dL e gordura corporal - 17 (5) x 38 (3) kg. Em mulheres com obesidade, após ingestão de solução lipídica, houve redução da perfusão em regiões do lobo frontal, lobo temporal, ínsula, tronco cerebral, cerebelo, tálamo, putâmen, globo pálido, hipocampo, giro parahipocampal e opérculo frontal. Já em mulheres sem obesidade, após ingestão do mesmo desafio alimentar, foi observado aumento de perfusão em regiões anteriores do lobo frontal e do cíngulo anterior. As alterações encontradas não parecem ter relação com absorção lipídica. Discussão e conclusão: O aumento da perfusão cerebral no córtex pré-frontal, observado após a ingestão de solução lipídica apenas em pacientes sem obesidade, pode representar um maior controle do comportamento alimentar nesse grupo de pacientes. Por outro lado em pacientes com obesidade, após ingestão de água houve maior ativação de circuitos relacionados ao reconhecimento de sensações como fome e sede, associada após a ingestão de solução lipídica, à redução da perfusão em regiões envolvidas em regiões sensoriais gustatórias o que pode estar relacionado a uma ingestão alimentar aumentada decorrente de recompensa consumatória prejudicada. Ambos os mecanismos, isolados ou em conjunto, podem resultar em controle inapropriado do peso corporal e consequente obesidade.