Dimensões da experiência estética: dos fundamentos da constituição psíquica aos posteriores encontros transformativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ramos, Jânderson Farias Silvestre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-15022023-190327/
Resumo: Essa tese teve como objetivo investigar o papel da experiência estética na constituição precoce do psiquismo e seu poder de propiciar transformações nos encontros posteriores. A pesquisa foi realizada com o método psicanalítico, na perspectiva de que o que se investiga com este método é um fragmento intersubjetivo composto entre a subjetividade do pesquisador e de seu objeto de pesquisa. Inicialmente abordo a visão de Freud a respeito da recepção estética e da criação artística, e o lugar ocupado nestes fenômenos pelas percepções objetivas e endógenas. Apresento como, a partir da consideração deste último tipo de percepção, Christopher Bollas propõe a existência de um trabalho estético da mente e discuto a ideia de uma percepção intermediária como sendo a modalidade de percepção própria da experiência estética. Seguindo Bollas apresento as noções de inconsciente receptivo, genera psíquico, idioma pessoal e conhecido não pensado, noções que nos abrem a possibilidade de refletir a respeito das experiências estéticas para além das concepções dualistas de percepção endógena e/ou objetiva. O conceito de objeto transformacional é apresentado como fundamental para compreender a experiência estética na visão de Bollas, estando intimamente articulado aos demais conceitos do autor. Ao lado de suas ideias, o conceito de conflito estético, de Meltzer e Williams, e de encanto, de Gilberto Safra, em diálogo com Klein, Winnicott e Hanna Segal, foram fundamentais para pensar no lugar da experiência estética na constituição psíquica. A partir da interlocução entre esses autores considerei que conflito e encanto podem ser entendidos como fenômenos suplementares, o que me levou a propor a existência do que intitulei conflito generativo. Em seguida discuto o lugar da experiência estética na promoção de trabalhos psíquicos inconscientes, a fim de aprofundar a compreensão a respeito de como estas experiências podem promover saúde psíquica e fortalecer os laços do indivíduo com a vida. Por fim, em diálogo com Luís Cláudio Figueiredo e Nelson Coelho Junior, discuto a relação entre as dimensões intersubjetivas e as experiências estéticas, no intuito de apoiar a asserção da necessidade de suplementaridade destas experiências, ideia que é um eixo central desta tese. Ao longo do percurso apresento vinhetas clínicas dos diversos autores e analiso as experiências fictícias de personagens do seriado Anne with an E, a experiência real do pianista inglês James Rhodes, e minha experiência com um paciente em um contexto institucional. Na análise desta última, os conceitos de área de criação e falha básica, de Michael Balint, são evocados como interessantes lentes de leitura. Discuto ainda a interconexão entre as experiências com os objetos artísticos e os encontros humanos, apontando que há uma relação de suplementaridade entre ambos, de modo que os objetos artísticos podem funcionar como lugares de espera suportáveis que mantêm aberto o horizonte do encontro, contrapondo-se ao que Bollas chama de repressão dos futuros