Mecanismos da toxicidade renal induzida pelo consumo crônico de etanol: papel da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Carla Brigagão Pacheco da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-29062021-154804/
Resumo: O consumo crônico de etanol está associado ao aumento de estresse oxidativo e inflamação, podendo induzir a progressão e desenvolvimento de doenças. Apesar de alguns estudos descreverem que o etanol acarreta alterações da função renal, os mecanismos envolvidos nessa resposta não foram totalmente elucidados. Sabe-se que a administração crônica de etanol pode induzir a expressão da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS), produzindo concentrações elevadas de óxido nítrico (NO), e aumentar a geração de espécies reativas de oxigênio (ERO), principalmente o ânion superóxido (O2.-). A reação do NO com o O2.- leva à formação de peroxinitrito (ONOO-), um poderoso agente oxidante que contribui para a fisiopatologia da disfunção renal. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a participação da iNOS na toxicidade renal induzida pelo consumo crônico de etanol. Para isso, camundongos C57BL/6J (WT) e nocautes para a iNOS (iNOS-/-) foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos: controle WT e iNOS-/- com acesso à água filtrada; etanol WT e etanol iNOS-/- com acesso à solução de etanol 20% (vol./vol.) por 10 semanas. Nossos resultados demonstraram redução na ingestão de líquido e ração, menor ganho de peso e indução do aumento da pressão arterial sistólica (PAS) em animais WT e iNOS-/- tratados com etanol. Assim como o esperado, observamos que a exposição crônica ao etanol induziu aumento da expressão da enzima iNOS em córtex renal de camundongos. Além disso, aumento dos níveis séricos de creatinina e alterações morfológicas, como aumento do diâmetro dos glomérulos e edema intersticial foram encontrados em animais WT e iNOS-/- tratados com etanol, sugerindo disfunção renal induzida pelo etanol. No córtex renal, o tratamento crônico com etanol aumentou o estresse oxidativo, caracterizados pelo aumento dos níveis de O2.-, intensidade de fluorescência da sonda de dihidroetídeo (DHE), expressão proteica de Nox4, além da indução de aumento dos níveis de lipoperoxidação; sendo essas respostas atenuadas ou bloqueadas em animais iNOS-/-. Em relação ao sistema antioxidante, a exposição ao etanol diminuiu a expressão de catalase em paralelo ao aumento dos níveis de glutationa reduzida (GSH), sem alterar as atividades enzimáticas de catalase, superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPx) nem os níveis de glutationa oxidada (GSSG) em animais WT e iNOS-/-. Os níveis de nitrato/nitrito (NOx) não foram afetados pelo etanol, porém o córtex renal de camundongos iNOS-/- apresentou concentrações menores em relação aos WT. O consumo crônico de etanol aumentou os níveis das citocinas pró-inflamatórias, como fator de necrose tumoral (TNF)-α e interleucina (IL)-1β, além da migração de neutrófilos no córtex renal. Tanto o aumento de TNF-α quanto da atividade de mieloperoxidase (MPO) foram atenuados em animais iNOS-/-, sugerindo que a resposta inflamatória no rim é mediada pela iNOS. Entretanto, não houve diferença da atividade de metaloproteinases de matriz (MMP) -2 e -9, da expressão proteica de Nox1, Nox2, MMP-2, MMP-9, TIMP-1, TIMP-2, eNOS, nNOS, NF-κB, Nrf2 nem dos níveis de peróxido de hidrogênio (H2O2), íons K+ e Na+, ureia, IL-6 e IL-10 entre os grupos, após o consumo de etanol. Concluímos que nem todas as alterações renais induzidas pelo etanol foram mediadas pela iNOS, porém observamos o papel desta enzima na toxicidade renal, como importante mediadora da inflamação e estresse oxidativo induzidos pelo consumo crônico de etanol em córtex renal de camundongos.