Efeitos da desidratação sobre a secreção de glicocorticoides e a função imune em sapos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barsotti, Adriana Maria Giorgi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-14082021-155729/
Resumo: A maior parte dos anfíbios apresenta alta permeabilidade hídrica e alto risco potencial de estresse hídrico. A desidratação pode representar um estressor, ativando o eixo hipotálamo- hipófise- adrenal/ interrenal (HHA/I), elevando a concentração plasmática de glicocorticoides (GC) e, consequentemente, modulando a resposta imune. Embora tenham clara implicação para o valor adaptativo, esses efeitos da desidratação sobre a imunocompetência permanecem pouco explorados na literatura, particularmente para anfíbios anuros. O objetivo dessa tese foi compreender o impacto da desidratação como estressor sobre aspectos da função imune inata em anfíbios anuros. Particularmente, foi investigado se indivíduos de Rhinella ornata, espécie de sapo associada a regiões mésicas e florestadas do Brasil, é capaz de ativar uma resposta de estresse quando desidratada, as consequências desse estresse hídrico sobre a imunocompetência e a capacidade de resposta a um estressor secundário. O impacto da desidratação como estressor sobre a função imune foi investigado também em populações nativas e invasoras do sapo Sclerophrys gutturalis da África do Sul, considerando-se as condições climáticas diferenciadas a que essas populações vivem. Brevemente, indivíduos foram submetidos à desidratação de 10% e 20% da massa corpórea padrão e tiveram amostra de sangue coletada para avaliar variáveis como a concentração plasmática de corticosterona (CORT), hematócrito (HCT), razão neutrófilo: linfócito (N:L), capacidade bactericida plasmática (CBP) e atividade fagocítica de leucócitos (AF). Em seguida, os animais foram submetidos à restrição de movimentos sob condições não-desidratantes (estressor secundário). Nossos resultados mostraram que a desidratação aumentou a CORT, HCT e N:L em sapos. O estresse de restrição secundário resultou em manutenção da concentração elevada de CORT no plasma e aumento da N:L e AF. Indivíduos de S. gutturalis da população invasora mostraram menor índice corpóreo, maior CBP e N:L em campo que indivíduos da população nativa. Após a submissão experimental aos estressores, sapos invasores e nativos mostraram aumento da CORT, e os invasores mantiveram CBP comparativamente maior que os nativos. Esses resultados indicam que a desidratação é um estressor para sapos, sendo capaz de ativar o eixo HHI, aumentando a secreção de CORT e estimulando a função imunitária. Adicionalmente, os sapos invasores apresentam uma função imune inata constitutivamente elevada se comparada à dos nativos, o que poderia aumentar seu valor adaptativo no novo ambiente e favorecer o sucesso de dispersão.