Evolução de campos de dunas em costas progradantes: o caso da costa extremo sul de Santa Catarina, Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Muro, Marcos Domingues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-19102021-091416/
Resumo: O sistema eólico quaternário da costa extremo sul catarinense é representado por dois tipos de morfologias, uma pré- e outra pós-máxima inundação marinha do Holoceno. A primeira morfologia corresponde a terraços com altitudes de até 25 m, superfície ligeiramente ondulada e idades, obtidas por luminescência opticamente estimulada, entre 54 ka e 8,6 ka. Consiste de lençóis de areia resultantes do retrabalhamento pelo vento dos terraços marinhos regressivos correlatos ao mar alto do Estágio Isotópico Marinho 5e. Vales incisos formados sobre estes lençóis nos cursos dos rios Araranguá e Mampituba e nas suas respectivas bacias de drenagem, na época de mar baixo, foram afogados durante a transgressão pós-glacial, dando lugar, no Holoceno Médio, a um amplo sistema estuarino-lagunar. Além dos estuários do Araranguá e do Mampituba e da laguna interna na bacia de drenagem destes rios, este sistema abrangia outra laguna mais externa, a de Sombrio-Caverá, gerada atrás de uma barreira transgressiva. Sobre esta barreira, desenvolveu-se, a partir de 6,6 ka, a segunda morfologia eólica, de campo de dunas transgressivas. Sucessivos pulsos de campos de dunas encontram-se registrados em uma sucessão de cordões de precipitação, cujo padrão de idades mais novas rumo à costa indica o reposicionamento do sistema eólico em resposta de equilíbrio à regressão da costa. A taxa de migração do campo de dunas em direção ao mar variou de 1,4-2,0 m/ano, até cerca de 5 ka, para 0,4-0,5 m/ano, daí até 2,1 ka, o que denota queda no aporte continental e na progradação subquosa no Holoceno Tardio. A mudança na morfologia do sistema eólico, de lençol de areia para campo de dunas, ocorrida entre 8,6 a 6,6 ka, representa aumento de saturação de areia do sistema. Ela foi favorecida pelo avanço da linha de costa, com estabelecimento de fonte de areia costeira próxima, disponível ao vento; e pelo aumento de densidade da vegetação, em contexto de umidificação do clima, o que permitiu desaceleração brusca do transporte eólico e restrição da área de acumulação. Na escala de tempo dos últimos 60 anos, o aumento de precipitação com redução da deriva eólica potencial, ligado à intensificação do Sistema de Monções da América do Sul, tem levado à queda na saturação de areia e à estabilização do sistema eólico. Interferências antrópicas também têm afetado a dinâmica do sistema atual, incluindo a destruição deliberada de dunas frontais em Balneário Arroio do Silva.