Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Lacet, Cristine Costa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-03122014-150050/
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Resumo: |
O diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresentou um expressivo crescimento durante a última década (LEGNANI et al., 2006), tornando-se o mais frequente dos transtornos psiquiátricos tratados em jovens (ROHDE et al., 2007). Dados epidemiológicos apontam para prevalência mundial de 4% a 10% entre crianças. Os desdobramentos dessa epidemia diagnóstica não são sem efeitos para a criança e seu corpo. Temos, do lado da família e da escola, uma criança tida como insuportável, que não para e que ninguém consegue controlar; via de regra, esta última não é escutada, mas julgada a partir de seus comportamentos. O desejo tanto do lado da escola como do da família é silenciar a criança e sua agitação. E a resposta a essa demanda vai ser encontrada junto ao saber médico-científico que, consoante à lógica do discurso capitalista de mercados, que tende a simplificar para gerir, tem uma resposta clara e objetiva: trata-se de um transtorno neurobiológico que deve ser tratado via medicação e terapia cognitivo-comportamental. Essa pesquisa tem como objetivo debater de forma crítica a homogeneização da criança sob o diagnóstico de TDAH no discurso médico-científico, trazendo rigor e formalizando a discussão, tanto no âmbito clínico, em que há uma redução do sujeito e seu sofrimento a processos neuroquímicos, como no campo político, no qual a articulação entre saber e poder, evidenciada pela medicalização da existência, permanece oculta sob o véu do discurso da neutralidade científica. A partir de recortes da experiência da clínica psicanalítica de orientação lacaniana com crianças procurou-se restaurar a complexidade da leitura da produção sintomática de um sujeito, articulando-a a um modo de gozo e ao desejo do Outro. Nesse sentido foi possível formalizar que se trata de sujeitos que, de modo singular, renunciam ao seu espaço e à apropriação/subjetivação de seu corpo para gozar e servir ao gozo ao Outro. Quando consideramos o eixo político, podemos pensar a medicalização do desvio como uma construção social que evidencia um momento singular da evolução da cultura e da função social da medicina, em que o aumento do poder médico sobre a regulação de condutas e comportamentos passa a ter uma função de normalização psíquica, constituindo um novo sintoma no laço social |