Risco de produção agrícola no Sul do Brasil: aspectos de sistemas produtivos e rentabilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Faleiros, Gabriel Diniz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11153/tde-22062020-085821/
Resumo: Na agropecuária, as ações dos produtores rurais se traduzem em padrões agregados de comportamento, que definem a dinâmica da produção de determinada região. Este agente detém à sua disposição diferentes possibilidades de composição do sistema produtivo, devendo avaliá-las em ternos de riscos e retornos associados. Dadas as condições de atuação do produtor rural nos últimos anos, bem como as relações entre os diversos agentes da cadeia agroindustrial, questiona-se: como se tem apresentado os níveis de risco e rentabilidade para os produtores de grãos? O risco, por se apresentar relativamente complexo tanto em sua definição, quanto em sua medição, fica muitas vezes relegado ao segundo plano. Entretanto, a partir dele, pode-se explicar padrões de comportamento não captados por outros indicadores. Não obstante, a gestão sustentável do empreendimento envolve a tomada de decisão baseada em dados, com base em análise minuciosa das alternativas disponíveis. O objetivo principal deste estudo é quantificar e analisar a relação de risco e taxa de retorno de sistemas produtivos de grãos no Sul do Brasil. Por risco, entende-se o risco de mercado ou de preços, e o risco de produção. Explora- se ainda os efeitos da diversificação de sistemas produtivos sobre o risco e retorno. Adotou-se a metodologia de Monte Carlo a partir de 16 variáveis de risco, que incorporam área de cultivo, itens de custo de produção e receita bruta. Em seguida, encontrou-se a melhor composição de sistemas produtivos de cada região, em um processo de otimização da propriedade como um todo, buscando definir a fronteira eficiente pela relação entre taxa de retorno e risco. Os dados utilizados foram coletados e disponibilizados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo, compreendendo as safras de 2012/13 a 2018/19, abrangendo oito regiões: Londrina/PR, Cascavel/PR, Castro/PR, Guarapuava/PR, Campos Novos/SC, Xanxerê/SC, Carazinho/RS e Tupanciretã/RS. Os resultados apontam que a soja e o feijão primeira e segunda safras contribuem efetivamente para a redução do risco e aumento do retorno, uma vez que apresentam margens brutas relativamente elevadas, retratando baixa probabilidade de ocorrer valores negativos. O milho de primeira safra não se constituiu em opção atrativa na composição de sistemas, haja vista que sua margem é inferior à da soja, cultura que compete diretamente por área. A despeito do trigo, para a maioria das regiões seu cultivo tende ao aumento do risco e redução do retorno, sendo preferível a adoção de cobertura verde, apesar de esta não proporcionar receita. Considerando os sistemas produtivos mais eficientes a partir da otimização, o menor risco é obtido na região de Campos Novos/SC, retratando risco de 24,47% (coeficiente de variação), referente ao sistema composto por soja na primeira safra, seguido por trigo cultivado em 3% da área de segunda safra, e 97% de cobertura verde. Neste sistema, se torna evidente que o cultivo de cultura não comercial na segunda safra, mostrou-se melhor opção em relação a culturas comerciais, notadamente o trigo. Este fato decorre da ocorrência de margens brutas negativas em menor intensidade pelo cultivo de cobertura verde, em comparação à outras opções de segunda safra. Ao se observar a propriedade típica regional, na maioria das regiões também se verifica elevada adoção de cobertura verde na segunda safra, cujo cultivo supera 50% em Castro/PR, Guarapuava/PR, Carazinho/RS e Tupanciretã/RS. O maior risco dos sistemas otimizados se encontra em Cascavel/PR, com valor de 51,26% para o sistema composto por soja na primeira safra, seguido por milho segunda safra em 27% da área, e trigo em 73% Em termos de retorno monetário, a região de Castro/PR proporcionou a maior margem líquida média da propriedade como um todo, contudo, ao se dividir esse número pela área total de cultivo, Campos Novos/SC se sobressai. Ao se observar a propriedade típica regional, as regiões de Londrina/PR, Cascavel/PR, Carazinho/RS e Tupanciretã/RS foram as que mais se aproximaram dos sistemas otimizados. Para as demais, há necessidade de redução da área de milho primeira safra e aumento de soja, além de ajuste da área de segunda safra, buscando ao aumento da margem líquida e redução do risco. A diversificação de atividades em uma mesma propriedade é condizente com um menor risco. A diversificação geográfica é observada neste estudo, de forma que culturas adotadas em regiões geograficamente distantes geram padrões de risco e retorno diferentes. Este trabalho contribui, pela perspectiva científica, em quantificar o risco de culturas individuais e de sistemas produtivos no Sul do Brasil, suprindo sua carência na literatura. Pela perspectiva de mercado, pode-se selecionar sistemas produtivos e regiões mais atrativas do ponto de vista de risco e retorno, segundo preferências individuais do tomador de decisão.