Identidades em jogo: duplo mal-estar das professoras e das coordenadoras pedagógicas do Ensino Fundamental I na constante construção de seus papéis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Horta, Patricia Rossi Torralba
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25062007-120102/
Resumo: O objetivo do presente estudo, de cunho teórico-analítico, configura-se como uma tentativa de compreensão da forma pela qual se estabeleceram, no Brasil, as identidades profissionais das professoras de primeiras letras e das coordenadoras pedagógicas, mutuamente referidas, e o mal-estar decorrente das modalidades pelas quais se instituíram, com as reformas educacionais, suas competências desejáveis mediante diferentes descrições das respectivas funções. Na busca de entender teoricamente como se produzem essas identidades nas estruturas hierárquicas das instituições escolares, os aportes teóricos de Foucault forneceram ferramentas úteis para problematizar os saberes vigentes e compreender como certos saberes são desqualificados nas relações de poder. A compreensão de Foucault acerca da relação entre saber e poder, principalmente, possibilita outras leituras dos discursos pedagógicos, acumulados e veiculados como verdades, que permeiam a construção das identidades dessas profissionais. A análise sociológica de Bauman, por sua vez, ajuda a elucidar o presente em que estamos imersos, que ele chama de modernidade \"leve\" e \"líquida\" e, assim, torna possível entender as redistribuições e realocações dos poderes e os novos padrões de dependência na instituição escolar, apesar de o discurso pedagógico dominante aparentemente convocar \"autodeterminação\" e \"liberdade\" como características centrais da constituição dessas identidades em estudo. A presente investigação busca, dessa forma, primeiramente elucidar no Brasil o percurso histórico da profissão de professora das primeiras letras e assim compreender como se configuraram as estruturas hierárquicas, isto é, a \"função supervisora\" nas reformas educacionais das décadas de 20 e 30, caracterizada pela inspiração empresarial na administração escolar e pela instituição da figura do especialista em novos métodos de ensino. É realizada a seguir a análise de quatro volumes da coleção O Coordenador pedagógico, organizada por Vera Nigro de Souza Placco e Laurinda Ramalho de Almeida, publicada a partir de 1998, escolhida pelo elevado número de edições, o que demonstra sua aprovação pelo público. A coleção possibilita o acesso a alguns dos principais discursos que norteiam a constituição da identidade desses profissionais. Os artigos aí presentes são resultados, na sua maioria, de dissertações de teses e de pesquisas de avaliação de projetos implementados na rede pública ou particular. Como conclusão, observa-se que os discursos educacionais em geral enfatizam a constituição de profissionais \"autônomos\", \"críticos\" e \"reflexivos\". Imersos nesse discurso homogeneizante e sofisticado nas suas propostas de auto-exame, no entanto, tanto professores como coordenadores paradoxalmente vão limitando as possibilidades de pensar e de constituir suas identidades. Uma possível ação questionadora seria a de duvidar desse lugar idealizado nas descrições da função dos coordenadores pedagógicos, que definem missões impossíveis, lugar em que, na maioria das vezes, são vistos como detentores de uma consciência crítica embasada nos conhecimentos da ciência, e capazes de constituir professores \"autônomos\" e \"reflexivos\". Duvidar, assim, dessa relação, quando ela se estabelece pela necessidade da tutela desse especialista, a fim de buscar outras formas de relação que permitam de fato que as professoras das primeiras letras possam se desenvolver enquanto profissionais.