Fazendas nos sertões do Acaraú, Coreaú e Serra da Ibiapaba (CE)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalho, Isabelle Mendonça de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-18042024-102630/
Resumo: Esta pesquisa de mestrado realiza o inventário arquitetônico de fazendas construídas nos sertões do Acaraú, Coreaú e Serra da Ibiapaba, datadas do século XIX e das primeiras décadas do século XX, bem como de seu acervo de artefatos e documentos. Analisa as propriedades na lógica do processo de urbanização de sertões transfronteiriços entre o Ceará e o Piauí, por meio do estudo dos diversos agentes e agências ali operantes Estado, Igreja, fazendeiros, indígenas e povos de matriz africana que imprimiram aos espaços saberes tradicionais fruto de encontros, transferências e formas de resistência cultural. Analisados à luz das dinâmicas da economia do criatório e da lavoura, esse patrimônio material e imaterial descortina saberes e fazeres, modos de ser e estar, informando sobre a fábrica arquitetônica e sociabilidades. Valendo-se da metodologia da Arqueologia da Paisagem (Bueno, 2021), em perspectiva de longa duração (Braudel, 1949), a pesquisa mobiliza e entrecruza fontes primárias heterogêneas e conexas, textuais e visuais dos séculos XVII a XX, buscando espacializá-las na cartografia coeva da Capitania de Pernambuco e Siará Grande, depois Província do Ceará. Para a leitura da paisagem e arquitetura das fazendas, utilizou-se, fundamentalmente, os inventários post-mortem dos proprietários, alinhavados às informações recolhidas em manuscritos pertencentes ao Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, desenhos e relatos da Comissão Científica de Exploração, realizada em 1859-1861, livros de genealogia, relatórios oficiais e leis provinciais, além da literatura disponível sobre esses sertões. As fontes primárias entrecruzadas e espacializadas, somadas ao minucioso levantamento arquitetônico e fotográfico das 57 propriedades rurais ali existentes, por meio do instrumental das Humanidades Digitais (SIGs Históricos) permitem revolver camadas de historicidade e representações ancestrais ainda inexploradas pela historiografia. De caráter interdisciplinar, esta pesquisa agrega à geo-história novos dados sobre saberes e fazeres vernaculares de rara beleza, delicadeza e singeleza, pondo luz num patrimônio material e imaterial ainda carente de visibilidade e distante das políticas de preservação.