As assinaturas de Machado de Assis: estudo sobre as figurações da autoria

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Fernando Borsato dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-24052021-190413/
Resumo: Esta dissertação propõe o estudo sistemático das assinaturas empregadas por Machado de Assis, ou a ele atribuídas, ao longo de sua obra, considerando-se \"obra\" a totalidade dos textos incluídos e reconhecidos sob esse nome. Na pesquisa, foram identificadas 87 assinaturas, que englobam variações do nome civil do escritor, iniciais, pseudônimos e criptônimos, utilizados nos diversos gêneros que praticou. Verifica-se, aqui, que ao compor seus livros em torno da assinatura \"Machado de Assis\", estampada na capa de todos os volumes que publicou em vida, o escritor trabalha incessantemente na unificação, afirmação, e institucionalização de seu nome de autor e de sua imagem autoral. Por outro lado, também trabalha incessantemente na desestabilização e refração desse nome e dessa imagem por meio da variedade de formas com as quais assinou seus textos em periódicos e manuscritos, bem como pela proliferação de instâncias narrativas e autorais que produziu em seus textos ficcionais. Observa-se também que as fronteiras entre \"dentro\" e \"fora\", \"vida\" e \"obra\", \"autor\" e \"narrador\" são borradas pela concorrência de assinaturas e pelo uso de outros paratextos, ferramentas que possibilitam o paradoxo da junção dessa dupla condição de dispersão e unidade. Esse talvez seja um dos principais temas machadianos, que vêm à tona na problematização da dispersão e unidade das coletâneas de contos, como se dá nas advertências de Papéis avulsos e Várias histórias, ou na afirmação de um \"pensamento interior e único\" a organizar um romance tão fragmentário como Esaú e Jacó, ou ainda na multiplicação de instâncias narrativas e autorais identificadas a personagens como Brás Cubas, Bento Santiago e Aires. O duplo sucesso da realização desses movimentos contrários se verifica, por um lado, nas diversas interpretações e apropriações de sua obra, de seus paratextos, autores e narradores; e, por outro, no poder simbólico e institucional de seu nome de autor, capaz de engajar gerações de leitores e críticos interessados nas obras associadas ao nome \"Machado de Assis\" e na associação de suas próprias assinaturas à do escritor.