Associação entre o episódio depressivo maior após acidente vascular cerebral isquêmico e comprometimento de circuitos neuronais pela lesão: um estudo prospectivo de 4 meses

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Terroni, Luisa de Marillac Niro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-05032010-141451/
Resumo: INTRODUÇÃO: Alterações em circuito neural têm sido associadas com o transtorno depressivo maior. Entretanto, até o momento não se tem estudos investigando a associação entre a lesão do acidente vascular cerebral neste circuito e a incidência do episódio depressivo maior após o acidente vascular cerebral. Este estudo teve como objetivo principal investigar de modo prospectivo a associação entre o volume da lesão no circuito neural límbico-córtico-estriado-pálido-talâmico no hemisfério esquerdo e a incidência de episódio depressivo maior nos primeiros quatro meses posteriores ao acidente vascular cerebral isquêmico. Como objetivo secundário, visou investigar a associação entre o volume da lesão em regiões específicas do circuito e a incidência do episódio depressivo maior após o acidente vascular cerebral isquêmico. MÉTODOS: Neste estudo foram triados de modo consecutivo 326 pacientes admitidos na enfermaria de neurologia do Hospital das Clinicas de São Paulo. Destes, foram elegíveis 68 pacientes e foram acompanhados prospectivamente. A avaliação psiquiátrica consistiu na aplicação da entrevista clinica estruturada para diagnóstico pelo DSM-IV e no manual estruturado para entrevista da Escala de Hamilton para Depressão; o grau de comprometimento nas atividades de vida diária foi medido pelo Índice de Barthel; o grau de gravidade do acidente vascular cerebral foi mensurado pela escala para acidente vascular cerebral do National Institutes of Health e, a capacidade cognitiva foi avaliada pelo Miniexame do estado mental. As avaliações ocorreram em 3 momentos sendo a primeira em média 12,4 dias (+ 4,5) após o acidente vascular cerebral, a segunda em média 37 dias (+ 6) e, a terceira em média e 91,6 dias (+ 5,4) após o acidente vascular cerebral. As imagens por ressonância magnética foram realizadas dentro dos 15 dias posteriores ao acidente vascular cerebral em um aparelho de 1.5 Tesla (GE-Horizon LX) com protocolo específico. A localização do acidente vascular cerebral e o volume da lesão foram processados usando um método semi-automatizado baseado no Atlas Citoarquitetônico de Brodmann. Os grupos de pacientes com episódio depressivo maior e sem depressão foram comparados quanto aos dados clínicos e neurorradiológicos. RESULTADOS: Nos primeiros 4 meses posteriores ao acidente vascular cerebral 21 (31%) pacientes apresentaram episódio depressivo maior. Não houve diferenças entre os grupos com respeito à idade, distribuição por sexo, estado civil, condição empregatícia, lateralização hemisférica da lesão isquêmica, gravidade do infarto, comprometimento das atividades de vida diária e capacidade cognitiva. O volume da lesão no circuito límbico-córtico-estriado-pálido-talâmico no hemisfério esquerdo apresentou associação com a incidência do episódio depressivo maior (P=0,004) assim como, volume da lesão nas seguintes áreas específicas: córtex ventral anterior do cíngulo (AB24; P=0,032), córtex dorsal anterior do cíngulo (AB32; P=0,043), córtex subgenual (AB25; P=0,038), subículo (AB28/AB36; P=0,032) e amígdala (AB34; P=0,010). Este estudo tem algumas limitações como não avaliação de lesões isquêmicas subcorticais e outros possíveis fatores de risco para a depressão posterior ao acidente vascular cerebral. CONCLUSÕES: Os resultados fornecem evidências da existência de associação entre o volume da lesão do acidente vascular cerebral no hemisfério esquerdo no circuito límbico-córticoestriado- pálido-talâmico e a incidência do episódio depressivo maior posterior ao acidente vascular cerebral.