Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Pinto, Paulo Vitor de Souza |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-08022022-104249/
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Resumo: |
A presente dissertação tem como seu objeto de análise o Movimento de Educação de Base (MEB) durante o período de 1967 a 1971. Procuramos compreender as formas pelas quais o MEB, diferente dos outros grandes movimentos de educação e cultura popular atuantes nos anos 1960 (Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife, De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, os Centros de Cultura Popular da União Nacional dos Estudantes (CPCs da UNE), conseguiu sobreviver à ditatura militar instaurada em 1964. Para tanto utilizamos como fontes primárias os documentos das Campanhas da Fraternidade de 1967 a 1971; documentos do Fundo do MEB que estão no Centro de Documentação e Informação Científica (CEDIC) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; documentos intercambiados com outros pesquisadores e pesquisadoras; jornais de grande circulação do período disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira. Analisamos o conjunto de fontes e a experiência do MEB a partir do referencial teórico-metodológico de Michel de Certeau. Objetivamos, ao longo dessa dissertação, no primeiro momento, a partir dos documentos das Campanhas da Fraternidade produzidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, representante máxima da Igreja Católica no Brasil, conhecer as formas como a instituição Igreja se articulou nesse período. No segundo momento, a partir da análise documental e de entrevistas abertas com ex-integrantes do Movimento, realizamos a construção de uma narrativa que possibilita compreender as formas como o Movimento se organizou administrativamente nesse período, dialogando com a situação política imposta pela ditadura militar. Por fim trabalharemos os feitos do Movimento ao longo desse período, percebendo-os enquanto táticas de sobrevivência à ditadura. Assim, conseguimos perceber que, mesmo com a grave crise financeira de 1967 e 1968, o Movimento conseguiu manter-se vivo, sobretudo após o V Encontro Nacional de Coordenadores, onde foram traçadas as táticas de sobrevivência. Foi possível perceber ainda que o Movimento foi responsável por capacitar o próprio movimento de alfabetização proposto pela ditadura, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Com isso, chegamos à conclusão de uma Igreja heterogênea que se mostrou inicialmente conservadora. Contudo, mudanças na linha de atuação da Igreja a nível internacional, bem como o recrudescimento da violência do regime militar brasileiro fizeram com que, com o passar dos anos, a Igreja no Brasil fosse se mostrando moderada e progressista. Percebemos ainda que, de certa forma, houve uma interação do Estado que procurou utilizar o Movimento para alfabetizar o alto índice de população analfabeta no Brasil, e paralelo a isso, o Movimento utilizou-se dessa condição para sobreviver à própria ditadura. E que, ao longo de nossa pesquisa, identificamos que o peso da censura chegou ao Movimento em setembro de 1971, quando após um curso de cooperativismo, considerado subversivo pela ditadura, toda equipe Nacional foi demitida e o Conselho Diretor Nacional do Movimento foi reestruturado. Essa ruptura marca para nós o término do período que esta dissertação abordará. |