Resumo: |
O presente estudo, de cunho qualitativo, investiga a vivência de corpo na velhice e suas relações com as quedas. O corpo e a velhice são abordados a partir de uma construção sócio-histórica e, na atualidade, se encontram sob o contexto do envelhecimento da população mundial. O corpo se apresenta em sua dualidade com a mente, como resultado das primeiras dissecações anatômicas no Renascimento e do surgimento do indivíduo moderno. Já o corpo do velho é compreendido como uma construção marcada pela descrição fisiológica e pela degeneração celular. A velhice configura-se como uma etapa da vida resultante dos novos saberes médicos sobre o corpo envelhecido e da institucionalização das aposentadorias. As quedas são um evento grave que acomete o idoso e que têm consequências negativas sobre o indivíduo e um impacto sobre o sistema de saúde. O objetivo principal da pesquisa era investigar como era a vivência de corpo na velhice e sua relação com as quedas. Para esta investigação, foram feitas entrevistas semi-estruturadas com 15 idosos entre 68 e 75 anos, em um ambulatório de geriatria de uma autarquia hospitalar do estado de São Paulo, sendo os comprometimentos físicos e mentais graves o critério de exclusão. Como critérios de inclusão era necessário ter entre 65 e 75 anos e consentir em participar da pesquisa. As análises das entrevistas foram feitas após sua transcrição e leitura exaustiva, em busca de categorias que pudessem ajudar na compreensão do objeto. Como resultado encontrou-se uma representação de velhice ambivalente em que, por um lado, ser velho está ligado à ideia de decadência e falta de cuidado consigo mesmo e, por outro, é um momento que permite a ressignificação das relações e a oportunidade de renunciar a tarefas indesejáveis. O corpo se apresenta através das imagens do velho decadente e do jovem que tudo pode, em que um estado de espírito de bem-estar garante uma imagem mais distante da velhice decadente. Ele também tem a importante função de abrigo da alma e guarda com ela uma profunda relação. Nesta perspectiva, os investimentos em um se refletem na outra. Cair torna-se uma agressão que coloca o idoso sob a ameaça da velhice decrépita e que se expressa como uma falha do indivíduo em combatê-la |
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