Teatros do real, teatros do outro: os atores do cotidiano em cena contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Mendes, Julia Guimarães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-31102017-145052/
Resumo: Esta tese se propõe a investigar as potencialidades estéticas e críticas vinculadas à presença dos atores do cotidiano no âmbito das artes cênicas contemporâneas, com recorte em criações produzidas no Brasil e na Europa neste início de século XXI. O termo compreende pessoas que não necessariamente possuem formação artística e são convidadas a participar de uma criação a partir de uma perspectiva autorreferencial. Parte-se da hipótese de que a incorporação dos atores do cotidiano colabora para alterar o próprio \"regime de visibilidade\" (RANCIÈRE, 2009) dos corpos e subjetividades no âmbito das artes cênicas, ao ampliar as possibilidades sobre quem pode atuar no teatro e na dança. A partir do diálogo com os conceitos de teatros do real (SAISON, 1998; FERNANDES, 2010; MARTIN, 2013), teatralidade expandida (DIÉGUEZ, 2014; SÁNCHEZ, 2015) e teatralidade do público (CORNAGO, 2015), a pesquisa centra-se na análise da trajetória e de obras específicas de artistas da cena contemporânea que se destacam pelo trabalho com os atores do cotidiano, como o diretor francês Jérôme Bel, a brasileira Cia. Hiato, o coletivo suíço-alemão Rimini Protokoll e o diretor catalão Roger Bernat. A partir dessa análise, são traçadas algumas potencialidades vinculadas aos trabalhos, com destaque para a subversão de tradicionais códigos cênicos da representação, a intensificação da partilha de experiências com o espectador, a aproximação das artes cênicas com os campos da realidade e do cotidiano, a problematização de questões relativas à alteridade, a irrupção de uma teatralidade do coletivo, a projeção de espelhamentos com o público e sua participação na obra e, finalmente, o diálogo com o contexto onde o espetáculo acontece. Esse tipo de participação reflete um modo específico de expansão de linguagem do teatro e da dança. E mostra como a presença dos atores do cotidiano colabora para transformar as \"maneiras de fazer\" e os \"modos de pensabilidade\" (RANCIÈRE, 2009) das artes cênicas contemporâneas.