Problemas respiratórios em crianças menores de dois anos e a reprodução social das famílias (estudo populacional no município de Itupeva SP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Minagawa, Aurea Tamami
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7136/tde-23012008-102924/
Resumo: A estreita relação entre saúde da criança e fatores sociais e econômicos é reconhecida há muito tempo, mas ainda a grande maioria das crianças pobres que adoece morre mais. Portanto, é necessário ampliar o conhecimento a respeito da rede de determinantes (distais, intermediários e proximais) dos problemas de saúde mais prevalentes nas crianças. As doenças respiratórias constituem uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil no Brasil e no mundo Justifica-se, pois, reconhecer os processos determinantes dos problemas respiratórios, considerando a determinação social do processo saúde-doença. Assim, os objetivos deste trabalho foram estimar a prevalência dos problemas respiratórios nos diferentes grupos sociais homogêneos; caracterizar como esses problemas se relacionam às formas de reprodução social das famílias e avaliar os determinantes proximais, intermediários e distais associados à sua ocorrência. Este estudo populacional transversal foi realizado no município de Itupeva (SP), numa amostra representativa de 261 crianças menores de dois anos. A partir de um modelo teórico hierarquizado, centrado na categoria da reprodução social, foram compostos os perfis de reprodução social, utilizando-se uma base teórico-metodológica-operacional que predefiniu três grupos sociais homogêneos (GSH): formas de trabalhar e de viver adequadas (GSH1); formas de trabalhar ou de viver adequadas (GSH2) e formas de trabalhar e de viver inadequadas (GSH3). Os problemas respiratórios foram detectados segundo informações obtidas por meio de inquérito recordatório do último mês. Associações foram verificadas pelo teste Qui-quadrado (variáveis categóricas) ou teste de Fischer, e teste t de Student (variáveis contínuas). Utilizou-se o modelo de regressão logística não condicional para a análise múltipla. Para evitar exclusão de variáveis importantes, utilizou-se um nível de significância de 0,20 e para indicar associação estatisticamente significativa, nível de 0,05. Na análise múltipla, as associações foram expressas em odds ratio e seu intervalo de confiança [IC] para 95%. A prevalência de problema respiratório foi de 71,6% (IC95% 65,8 - 77,0), sendo maior nos estratos inferiores, porém sem diferença estatisticamente significativa: 64,0% no GSH1, 75,8% no GSH2 e de 71,5% GSH3 (p>0,05). Com relação ao total da amostra, a escolaridade do pai se mostrou estatisticamente diferente entre as crianças que haviam apresentado problema respiratório e aquelas que não haviam apresentado: 56,1% dos pais das crianças com problemas respiratórios tinham menos de 7 anos de estudo, enquanto 62,9% dos pais das crianças sem problemas respiratórios tinham mais de 7 anos de estudo. A escolaridade materna seguiu a mesma tendência. A ocorrência de problemas respiratórios foi discretamente maior nas crianças do sexo feminino, e naquelas de 12 a 18 meses. A primeira etapa da regressão logística testou cada variável que se associou com a ocorrência de problemas respiratórios (p<0,20). A segunda etapa foi verificar em cada nível hierárquico (determinantes distais, intermediários e proximais), as variáveis que mantinham associação com a ocorrência de problemas respiratórios, quando analisadas em conjunto com as outras variáveis do mesmo nível. A terceira etapa incluiu, no modelo, os determinantes distais (variáveis sociodemográficas e de trabalho do chefe) e intermediários (formas de viver). Nessa fase, o modelo selecionou, como significativamente associadas com a ocorrência de problemas respiratórios, a escolaridade do pai e a ventilação da casa. Variáveis essas que permaneceram na quarta etapa, em que se incluíram os determinantes proximais (características infantis e de atendimento à saúde). Permaneceram significativamente associadas à ocorrência de problemas respiratórios, até a última etapa do modelo hierarquizado, a escolaridade do pai e a idade da criança, o que demonstra a importância dos determinantes distais no desfecho do processo saúde-doença. Embora a melhoria nas formas de trabalhar e de viver das famílias aparentemente não seja atribuição de profissionais de saúde, uma vez que se atrelam a transformações estruturais, estes são responsáveis pela conscientização da população e sua mobilização em torno de objetivos comuns, em busca de uma melhor integração social