Efeitos da adição do mononitrato de isossorbida, um doador de óxido nítrico, ao tratamento habitual de pacientes com o diagnóstico de esquizofrenia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Guimarães, Tiago Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
ASL
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-25082020-090314/
Resumo: INTRODUÇÃO: A esquizofrenia é um transtorno crônico que afeta cerca de 0,7% da população mundial. A base do tratamento da esquizofrenia é a farmacoterapia com antipsicóticos, que são efetivos em reduzir sintomas positivos, porém carecem de impacto clínico nos sintomas negativos e cognitivos. Um estudo de 2013 evidenciou redução nos sintomas positivos, negativos e cognitivos após a administração de nitroprussiato de sódio, um doador de NO, em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. Esta droga está disponível apenas na forma intravenosa e necessita de aplicação por bomba de infusão, com monitoração hemodinâmica. No estudo atual, optou-se, então, por testar outro doador de NO: o mononitrato de isossorbida (MNT), que é uma droga segura, de baixo custo e disponível em via oral. Foi formulada a hipótese de que o MNT seria capaz de reduzir sintomas positivos, negativos e cognitivos na esquizofrenia e de que alterações compatíveis com os efeitos clínicos poderiam ser confirmadas nos exames de neuroimagem funcional. OBJETIVO: Avaliar os efeitos, em parâmetros clínicos, cognitivos e de neuroimagem, da adição do MNT ao tratamento de pacientes ambulatoriais com diagnóstico de esquizofrenia e ainda sintomáticos. MÉTODO: Ensaio duplo-cego, randomizado, controlado por placebo e cruzado realizado entre março de 2015 e dezembro de 2017 no Laboratório de Psicofarmacologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP). Foram incluídos pacientes com idade entre 18 e 50 anos com diagnóstico de esquizofrenia, pelo menos um item da PANSS positiva ou negativa &ge;4, ausência de uso de substâncias psicoativas, exceto nicotina, e ausência de outras condições médicas graves. Foram aplicadas semanalmente a Escala de Avaliação das Síndromes Positiva e Negativa para Esquizofrenia (PANSS), Escala de Efeitos Colaterais (UKU), Escala de Impressão Clínica Global (CGI) e Escala de Avaliação Funcional (GAF). A avaliação cognitiva através da Bateria Cognitiva Consensual MATRICS (MCCB) foi realizada por três vezes. Os pacientes foram submetidos a três exames de neuroimagem funcional com a técnica Arterial Spin Labeling (ASL). RESULTADOS: Foram avaliados 24 pacientes de ambos os sexos, sendo três do sexo feminino, e em tratamento antipsicótico. A média de idade dos participantes foi de 34,7 anos e o tempo médio de doença de 14,87 anos. Vinte estavam em uso de clozapina. Na PANSS Total houve redução estatisticamente significativa (Semana 4: t = 2,05; p < 0,05), assim como na PANSS Positiva (Semana 4: t = 2,6; p < 0,018), na PANSS Geral (Semana 4: t = 2.84; p < 0,01), na GAF (Semana 3: t = -2,45; p < 0,024) e na CGI (. Qui-quadrado = 44,59; p < 0,01). A PANSS negativa não pôde ser avaliada estatisticamente. Não foram encontradas diferenças estatísticas na MCCB. Uma avaliação post hoc das neuroimagens evidenciou redução na atividade talâmica em um subgrupo mais grave de pacientes. CONCLUSÃO: Os achados sugerem que a dose de 50mg de MNT em liberação prolongada administrada pelo período de um mês apresenta efeito positivo em pacientes crônicos, refratários e em uso de clozapina que persistem com sintomas clinicamente significativos apesar do tratamento otimizado.