Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Fluvial de Manaus: perfil dos atendimentos, usuários e fatores relacionados ao agravamento dos atendidos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lança, Ellen de Fátima Caetano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-18092018-131440/
Resumo: Introdução: Manaus dispõe de um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) fluvial que atende a população que reside em comunidades ribeirinhas dos rios Negro e Amazonas. Tem-se observado várias iniciativas de atendimento pré-hospitalar (APH) com uso desse tipo de transporte; no entanto, não foram encontradas na literatura informações sobre esses serviços, perfil dos usuários e fatores associados a desfechos indesejáveis do atendimento. Objetivo: Caracterizar o perfil dos usuários, aspectos do atendimento do SAMU fluvial de Manaus e identificar fatores relacionados ao agravamento no APH fluvial. Método: Estudo descritivo correlacional realizado em duas etapas. Na primeira etapa, a coleta de informações foi retrospectiva e teve como fonte os registros dos atendimentos realizados pelo SAMU fluvial de Manaus de 2009 a 2015. Na segunda etapa, a coleta de dados foi prospectiva; indivíduos com 15 anos ou mais, atendidos pelo SAMU fluvial no período de seis meses (janeiro a junho de 2016), tiveram informações coletadas desde a chamada na Central de Regulação até a chegada à base fluvial. Pacientes encaminhados para hospitais tiveram a coleta de informações estendida até a saída hospitalar. Testes de associação foram aplicados considerando as características do atendimento e usuário perante o agravamento do paciente, identificado por meio das mudanças do Rapid Emergency Medicine Score (REMS) entre o atendimento inicial e final do SAMU fluvial. Resultados: Entre 2009 e 2015, o SAMU fluvial de Manaus realizou 2.002 atendimentos, a maior parte em comunidades do Rio Negro e próximas da base fluvial. A grande maioria dos atendidos pelo SAMU fluvial foi removida para Manaus (92%), variando o tipo de embarcação mais frequentemente utilizada no transporte ao longo dos anos e com ajustes na tripulação da modalidade Unidade de Suporte Avançado (USA) após 2015. Foi baixa a frequência de procedimentos nos atendimentos (média 1,5 procedimento), porém o acesso venoso foi realizado em quase todos os usuários (97,8%). Houve grande variabilidade dos tempos de APH. As médias do tempo de resposta (84 minutos) e total de APH fluvial (172 minutos) foram bastante elevadas. A maioria dos pacientes removidos foi encaminhada para hospital (44,9%) ou serviço de pronto atendimento (37,1%). A frequência de homens e mulheres atendidos foi semelhante e os usuários com menos de 35 anos predominaram. As causas mais frequentes dos atendimentos foram as relacionadas a sintomas, sinais e achados anormais e causas externas de morbidade e mortalidade. Os parâmetros fisiológicos e o valor médio do REMS inicial, 2,7 (dp = 3,6), indicaram baixo risco de morte dos pacientes. No entanto, a mortalidade hospitalar dos internados foi de 8,7%. Dos pacientes transportados pelo SAMU fluvial, 68,5% mantiveram o quadro clínico, 18,0% pioraram e 13,5% melhoraram durante o atendimento. Houve associação entre piora e local de destino dos usuários (p=0,037), também com as ocorrências relacionadas a contato com serpentes venenosas (p= 0,039) e dor aguda (p= 0,005). Conclusão: No geral, os resultados mostraram peculiaridades do SAMU fluvial de Manaus em relação a serviços terrestres que necessitam ser consideradas no planejamento, implementação e avaliação do APH fluvial.