Eventos estressores e sua relação com morbidade psiquiátrica e consumo de álcool e tabaco na gestação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Esper, Larissa Horta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-26092011-100415/
Resumo: Evidências científicas trazem importantes associações entre a vivência de eventos estressores por gestantes e prejuízos a saúde mental materna. Identifica ainda que tal exposição possa estar relacionada ao aumento de consumo de álcool e tabaco por mulheres. Visto os prejuízos para a saúde materna relacionada a esta vivência, este estudo teve por objetivo analisar a relação entre a ocorrência de eventos estressores, morbidade psiquiátrica e consumo de álcool e tabaco em mulheres no terceiro trimestre gestacional. Trata-se de um estudo epidemiológico clínico, observacional, transversal, sobre amostra de 449 gestantes de uma maternidade pública na cidade de Ribeirão Preto-SP. Os instrumentos de coleta foram: um questionário para obtenção de dados sócio-demográficos, relato de uso de tabaco, Questionário de Morbidade Psiquiátrica de Adultos (QMPA) e entrevista para eventos recentes de vida (IRLE). Para avaliação do consumo de álcool foi utilizado o instrumento T-ACE (Tolerance, Annoyed, Cut-down, Eye-Opener) e um questionário para avaliação segundo critérios de pesquisa da CID-10 para uso nocivo ou síndrome de dependência. Os eventos estressores receberam três tipos de análises: isolados, agrupados em categorias e através da somatória total. Os resultados demonstraram que todas as participantes reportaram ter vivenciado algum evento estressor durante o período avaliado (µ = 5; dp = 2,2; min = 1, máx = 14) com destaque para a categoria saúde (99,1%). Quanto aos eventos estressores específicos, a gravidez indesejada (60,5%; n = 272) e dificuldade financeira média (31,8%; n = 143) foram os mais freqüentes. O primeiro evento estressor recebeu elevado impacto de estresse, 97 gestantes referiram estresse alto ou acentuado, 128 estresse baixo ou moderado e apenas 47 nenhum estresse. A somatória total de eventos estressores (p< 0,001) e as categorias Educação, Finanças, Aspectos legais, Migração e Trabalho apresentaram correlação estatística significante em relação à morbidade psiquiátrica (p< 0,001). Os eventos dificuldade financeira média ou grande e brigas com familiares foram cerca de 3,5 vezes maior em gestantes com suspeição de transtorno psiquiátrico (p< 0,001; 95%IC:2,16-3,84). Em relação ao consumo de álcool, o número total de eventos e a categoria Finanças apresentaram correlação estatística significante com o consumo de risco e uso nocivo ou dependência. O uso de tabaco foi associado à categoria finanças (p< 0,05) e aos eventos gravidez indesejada (p< 0,001; 95%IC:1,4-4,9) e brigas com o marido (p< 0,05; 95%IC:0,8-3,1). Os dados apontam alta vivência materna de eventos estressores durante o período gestacional e associação entre eventos estressores (isolados ou em categorias), sintomas psiquiátricos, consumo de álcool e tabaco. A avaliação dos eventos estressores por profissionais de saúde torna-se, portanto útil para o tratamento, educação e promoção da saúde pública visto que pode ajudar as mulheres a reforçar os seus estilos de enfrentamento ao estresse e prevenir o consumo de substâncias lícitas e danos à saúde mental materna.