Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1996 |
Autor(a) principal: |
Reis, Maurício Sedrez dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11137/tde-20200111-134154/
|
Resumo: |
O palmiteiro (Euterpe edulis Martius) é uma palmeira do sub-bosque da Floresta Tropical Atlântica, cujas populações naturais se encontram degradadas pelo extrativismo. Entretanto, apresenta características que indicam ser uma espécie estratégica para a conservação deste ecossistema e adequada para o manejo de suas populações naturais. Assim, este trabalho visou gerar informações relativas à distribuição e dinâmica dos alelos em populações naturais da espécie, caracterizando, através de marcadores alozímicos, os níveis e a distribuição da variabilidade genética, a estrutura genética de suas populações, o sistema reprodutivo e o fluxo gênico da mesma. Além disso, procurou avaliar a adequação de diferentes sistemáticas de análises e principalmente discutir as perspectivas de utilização dos resultados obtidos. Para tanto, foram coletadas amostras foliares e sementes (progênies) de indivíduos procedentes de regiões distintas (Santa Catarina Município de Blumenau, Vale do Rio Ribeira do rio Itajaí Açu; São Paulo Município de Sete Barras, Vale do Rio Ribeira do Iguape). Em São Paulo as coletas foram realizadas na Fazenda Intervales em dois locais; no primeiro - Saibadela - as amostras foram obtidas em três níveis altitudinais (100, 250 e 350m), constituindo três populações contíguas; no segundo Limão - em dois níveis altitudinais (350 e 700m), constituindo duas populações contíguas. Em Santa Catarina, a amostragem foi realizada em apenas um local em três níveis de altitude (450, 550 e 650m), constituindo três populações contíguas. A caracterização genética foi realizada empregando se marcadores alozímicos, revelados a partir de eletroforese em gel de amido (penetrose 30 à 13%), com tampão Citrato/Morfolina (eletrodo: Ác. Cítrico 7,7 g/l - titular com Morfolina até pH 6,1; gel: diluição 1:20). Foram utilizados os sistemas enzimáticos Peroxidase (4 locos: PRX2 3 alelos; PRX3 5 alelos; PRX4 4 alelos; PRX5 3 alelos), Fosfoglucoisomerase (PGI2 4 alelos), Fosfoglucomutase (PGM1 5 alelos) e Glucose 6 fosfato Desidrogenase (G6P1 3 alelos). Os resultados obtidos revelaram níveis elevados de heterozigosidade Ĥe esperada, Ho observada), tanto a partir das progênies (Ĥe = 0,436 e Ho = 0,403 com 3,9 alelos por loco ), quanto a partir de indivíduos adultos (Ĥe = 0,452 e Ho = 0,467 com 3,4 aleIos por loco). Esta alta diversidade obtida para a espécie apresenta especial relevância, pois as gerações posteriores poderão sempre apresentar novos recombinantes ou mais recombinantes, permitindo adaptação a microambientes e a manutenção da dinâmica populacional. A estrutura genética foi caracterizada a partir das estimativas das estatísticas F de Wright, dos coeficientes de coancestralidade (θ) de Cockerham e da análise de populações subdivididas de Nei. Os resultados indicaram menor divergência entre populações contíguas. Estes resultados sugerem a existência de efeitos de deriva e/ou de seleção entre regiões e locais, sendo os mesmos de menor efeito ou contrapostos pelo fluxo gênico entre as populações contíguas. Assim, é razoável considerar o modelo de isolamento por distância, reforçado pelo gradiente altitudinal em escala ampla, que intensifica os efeitos de deriva em decorrência de variações fenológicas, como a forma básica de organização da variabilidade genética na espécie. Além disso, a sistemática de análise empregada para obtenção das estimativas dos coeficientes de coancestralidade, ainda que mais trabalhosa, apresenta a melhor correção dos vieses existentes e, portanto, é recomendável para qualquer tamanho de amostra; adicionalmente, é mais versátil, permitindo estimar a divergência em diferentes níveis de hierarquia sem os efeitos dos níveis superiores, sendo, portanto, especialmente adequada para amostragens hierarquizadas. O sistema reprodutivo foi caracterizado a partir da avaliação da existência de equilíbrio de panmixia e endogamia, bem como a partir da estimativa da taxa de cruzamento. A média da taxa multilocos de cruzamento foi de 0,99 (variando de 0,94 à 1,04, entre as populações estudadas). Contudo, a inexistência de equilíbrio de endogamia nas progênies indica a ocorrência de eventos adicionais envolvidos no sistema reprodutivo. Os resultados obtidos evidenciam a ocorrência de cruzamentos não aleatórios, associados à amplitude do período de florescimento e à protandria acentuada existente na espécie. Assim, é razoável considerar que a cada ciclo reprodutivo predominam cruzamentos não aleatórios entre os indivíduos, produzindo progênies que não apresentam equilíbrio de panmixia ou endogamia, mesmo quando os indivíduos adultos estão em equilíbrio de panmixia. O fluxo gênico estimado foi elevado (10,7 indivíduos por geração) e coerente com os mecanismos de dispersão de sementes e polinização descritos para a espécie. A estimativa do tamanho de vizinhança, em termos médios, foi de 67 indivíduos. Adicionalmente, estimativas preliminares da área de vizinhança ficaram entre 18.199 e 8.090 m2, levando à recomendação da manutenção de ao menos 60 indivíduos reprodutivos por hectare nas populações sob manejo. A coerência dos resultados obtidos e a estratégia de amostragem empregada, com uma cobertura ampla da área e situações de ocorrência, possibilitou a formação de um referencial, em relação aos níveis e distribuição da variação genética, para a coleta de germoplasma, a produção de sementes e o melhoramento da espécie, bem como para o monitoramento das populações naturais sob manejo sustentado. |