Situação vacinal de crianças e adolescentes acompanhados em serviço de referência de reumatologia pediátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Melo, Janaina Michelle Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17144/tde-10012017-091021/
Resumo: Introdução: As doenças reumáticas pediátricas compreendem um grupo heterogêneo de doenças cujas causas são multifatoriais. Pacientes portadores dessas doenças apresentam maior risco de desenvolver infecções devido ao comprometimento da resposta imune causado pela doença e também pelo uso de drogas com potencial imunossupressor. Em vista deste fato, a vacinação torna-se uma ferramenta eficaz na prevenção de doenças infecciosas e suas complicações. Contudo, ainda não existe consenso sobre as indicações e contra-indicações dessas vacinas neste grupo particular. Há poucos trabalhos publicados sobre imunogenicidade e segurança de vacinas em crianças e adolescentes com doenças reumáticas e freqüentemente esses pacientes não recebem as vacinas recomendadas para sua idade. Objetivo: Avaliar a situação vacinal de crianças e adolescentes com doenças reumáticas, as possíveis causas de atraso vacinal e o impacto da orientação específica feita pelo reumatologista pediátrico visando à atualização das vacinas segundo o calendário proposto pelo Ministério da Saúde. Materiais e Métodos: Foi realizado um inquérito com os pacientes e seus responsáveis, consulta dos cartões vacinais e revisão de prontuários dos pacientes em seguimento nos ambulatórios de Reumatologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP) durante o período de abril de 2008 a março de 2009, que possuíssem o cartão vacinal. Para os pacientes com atraso vacinal, prescrição específica de vacina foi feita pelo reumatologista pediátrico, e um novo registro da situação vacinal foi verificado após seis meses. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCFMRP-USP. Resultados: Duzentos e sete pacientes (58% do sexo feminino; média de idade: 10,9 anos) foram incluídos e apresentavam os seguintes diagnósticos: 86 artrite idiopática juvenil (AIJ); 30 lúpus eritematoso sistêmico (LES); 21 dermatomiosite juvenil (DMJ); 10 esclerodermia; 20 vasculites; 10 síndrome de anticorpo anti-fosfolípide (SAAF); 6 doença mista do tecido conjuntivo ou síndrome de sobreposição (DMTC); 24 outras doenças. Anteriormente à intervenção, a cobertura vacinal segundo o calendário brasileiro de vacinação infantil foi: tuberculose (BCG): 100%; sarampo, caxumba e rubéola (SCR): 98,1%; poliomielite (Sabin - VOP): 95,2%; difteria, tétano e coqueluche: 92,8%; hepatite B: 89,4%; e febre amarela: 85%. Noventa dos 207 pacientes incluídos (43,5%) tinham atraso de pelo menos uma dose de alguma vacina recomendada. O atraso da imunização ocorreu, respectivamente, em 43%, 70%, 42,9%, 60%, 45%, 66,7% e 16,7% dos pacientes com AIJ, LES, DMJ, esclerodermia, vasculite, DMTC/síndrome de sobreposição e outras doenças reumáticas. As proporções de crianças que receberam vacinas fora do calendário básico (especiais) foram: hepatite A (9,6%); influenza (24%); meningocócica (10,6%); pneumocócica (15%), e 52,8% para varicela (38/72 pacientes suscetíveis). Em 20,8% dos pacientes a vacinação foi contraindicada pela equipe médica: 88,4% contra febre amarela e 11,6% contra SCR. O atraso da vacinação causado por receio das conseqüências das vacinas ocorreu em 25%. Prescrição específica das vacinas atrasadas foi fornecida a 44/60 pacientes (73,3%) com vacinação incompleta. A atualização completa da vacinação foi verificada após 6 meses em 75% destas crianças. Conclusão: A freqüência de atraso vacinal em pacientes com doenças reumáticas é alta e preocupante. A prescrição específica de vacinas durante o seguimento clínico desses pacientes tem impacto positivo na cobertura vacinal e deve ser implementada com o objetivo de diminuir a morbidade associada às infecções preveníveis.