A química segundo Michael Faraday: Um caso de divulgação científica no século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Baldinato, José Otavio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-22022011-115911/
Resumo: A presente pesquisa apresenta um estudo do ciclo de palestras intitulado A história química de uma vela, proferido por Michael Faraday como parte das celebrações natalinas de 1860, na Royal Institution, em Londres. Nas palestras, Faraday apresentou uma vela como objeto motivador para o estudo de vários aspectos da ciência contemporânea, e a transcrição da sua fala nos permite observar como o tema detinha a atenção do público do período. Seguindo os preceitos da nova historiografia da ciência, procuramos reconstruir parte do contexto de formação de Faraday, para entender como se consolidaram seus métodos de trabalho como palestrante. Algumas obras de influência sobre sua formação inicial são revisitadas: Conversations on Chemistry, de Jane Marcet (1805) e The Improvement of the Mind, de Isaac Watts (1741). O primeiro texto representa uma introdução à química do século XIX. Escritas sob a forma de diálogos, as conversas de Jane Marcet teriam nutrido o jovem Faraday de \"fatos\" científicos, que o motivaram no aprendizado das ciências naturais e renderam várias manifestações de reconhecimento do posterior filósofo para com a autora. Já a segunda obra se constitui num manual que instrumentaliza o autoaprendizado. Dividido em dois volumes, The improvement of the mind primeiro trata das regras para a aquisição de conhecimentos, amplamente estudadas e defendidas por Faraday em sua formação e, em seguida, das estratégias para a comunicação de conhecimentos, com particular ênfase sobre as palestras. Esta segunda parte da obra de Watts também foi objeto da atenção de Faraday, e os registros primários de ambos os autores nos fornecem critérios contemporâneos para a análise da atuação de Faraday como palestrante. Os resultados da pesquisa apontam para a coerência do trabalho de Faraday em relação aos preceitos que construiu sob a orientação de referências pessoais e textuais, como os palestrantes a que assistiu na juventude, e as obras que estudou em suas etapas de formação. Faraday conciliou e incorporou vários dos aspectos atribuídos por Watts ao bom palestrante, e também promoveu uma visão da química consoante com a divulgada por Jane Marcet em seu livro. Este estudo de caso busca na história da ciência a análise de fatores que contribuem ao êxito de uma iniciativa de divulgação científica. Dentro do seu contexto, o livro de Jane Marcet e as palestras de Faraday se constituíram em duas formas distintas de abordagem, e ambas lograram sucesso ao conseguirem ganhar a atenção do público para tratar das ciências naturais em geral, e da química em particular. Entendendo que nas iniciativas de divulgação científica a demanda por criatividade é atemporal, buscamos neste estudo histórico alguns argumentos que permitam refletir sobre essa prática em qualquer tempo.