Representação subjacente do ataque ramificado CCV na aquisição fonológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Toni, Andressa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03102016-134317/
Resumo: Esta pesquisa investiga o desenvolvimento das formas silábicas CCV (Consoante1 + Consoante2 + Vogal) do Português Brasileiro na fala infantil. Presente em palavras como triste, blusa, madrinha, tigre, a sílaba CCV é a última a ser adquirida pela criança, após os 5;0 anos de idade (LAMPRECHT, 1993). No entanto, palavras contendo contextos CCV podem figurar na produção infantil mesmo antes dos 2;0 anos: ab(r)e aqui (Lz. 1;09 anos); (o)b(r)igado (Ar. 1;09 anos). O objetivo deste trabalho é observar como o ataque ramificado manifesta seu desenvolvimento na fonologia infantil, questionando se o molde CCV estaria presente na Fonologia da criança mesmo antes das primeiras realizações-alvo desta sílaba. Analisam-se dados experimentais de 49 crianças, que elicitaram estímulos familiares ou logatomas do tipo /CCV.CV/ e /CV.CV/, e produções longitudinais de três crianças. Os corpora foram categorizados em cinco grupos conforme o percentual de realizações-alvo CCV, de 0%-%5 (G1) a acima de 76% (G5). Para acessar o conhecimento fonológico infantil sobre a ramificação de ataque, três fontes de evidência foram tomadas: (i) observação de padrões fonotáticos e estratégias de reparo impostas à produção da sílaba CCV; (ii) interação entre o ataque ramificado e a regra de palatalização de oclusivas alveolares; e (iii) comparação da duração de sílabas CCV reduzidas a C1V e de sílabas CV. Os resultados em (i) apontam que antes de produtivamente realizar o ataque ramificado como na forma-alvo, parte dos informantes em G1 empregou estratégias de reparo visando modificar a qualidade do segmento em C2, como em entrar [etja] e Dlato [pwa.t]. Observou-se ausência de uma ordem específica de desenvolvimento dos filtros fonotáticos no molde CCV. Contudo, detectou-se tendência significativa por evitar sílabas oclusiva coronal + líquida e preferência por sílabas oclusiva labial + líquida, o que creditamos ao Princípio de Contorno Obrigatório (McCarthy, 1986) e ao desenvolvimento do controle articulatório infantil (Goldstein, 2003). Em (ii) verificou-se que a palatalização em contextos /ti, di, tli, dli/ reduzidos à C1V (como trilho [ti.], Dlibo [i.b] e triângulo [tiã.g.l]) foi bloqueada por uma parcela dos informantes em G1, e não foi bloqueada pelo desenvolvimento do molde CCV na fala de informantes específicos dos grupos G2-G4. Observou-se, em (iii), que a duração é uma propriedade de aquisição ainda em curso: mesmo quando a ramificação de ataque foi produzida, constatou-se duração variável (mais longa, similar ou mais curta) entre C(C)V e CV. Os resultados em (i) e (ii) apontam manifestações da ramificação de ataque na produção de uma parcela de nossos informantes mesmo antes de suas primeiras realizações-alvo do CCV. Já a ausência de tais manifestações nos dados de parte das crianças em G1 sugere que a ramificação de ataque ainda deve emergir na Fonologia infantil. Atribuímos esta emergência à marcação do Parâmetro de Ataque Máximo, propondo que a variabilidade e a gradualidade pós-marcação paramétrica observada no percurso de aquisição pode ser devida à aquisição segmental, ao domínio articulatório-motor das sequências consonantais e ao design do experimento, causas também reportadas na literatura.