Indicadores paleombientais para a avaliação dos processos de capturas fluviais em meio tropical úmido

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Patucci, Natália Nunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-29112019-192139/
Resumo: A pesquisa teve como objetivo avaliar a captura do rio Guaratuba, situada no reverso da Serra do Mar em meio tropical úmido. Aspectos morfométricos e os materiais sedimentares e orgânicos de recobrimento superficial do vale seco foram utilizados como indicadores paleoambientais explicativos da captura. Foram coletadas amostras no divisor de bacias entre o alto Guaratuba e o rio Claro, para avaliação integrada de dados macromorfológicos, granulométricos, morfoscópicos, mineralógicos, geocronológicos e palinológicos. As amostras de material arenoso foram submetidas à datação absoluta por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), enquanto as de material orgânico foram submetidas à datação absoluta de 14C via Espectrometria de Massa por Aceleradores (AMS). Os materiais de recobrimento foram classificados na análise macromorfológica como Gleissolos, Espodossolos e Cambissolos os quais continham cascalheiras de até 75 cm de espessura. O Espodossolo apresenta-se como um paleossolo e o horizonte ortstein como um indicador litoestratigráfico. Na análise granulométrica ocorreu a predominância da fração arenosa em todos os horizontes descritos, assim como de quartzo e mica na análise mineralógica. Na análise morfoscópica da fração areia observou-se amplo arredondamento dos cascalhos e dos grãos de quartzo em todos os horizontes, o que assinala que esses sedimentos sofreram no passado erosão mecânica por fluxo de corrente ou deposição de torrente indicando paleoclima e condições hídricas diferentes das atuais. As características morfométricas das bacias atestam rejuvenescimento da bacia do Guaratuba em resposta à captura. As datações indicam períodos úmidos específicos do Holoceno, Pleistoceno e Ultimo Máximo Glacial vinculados em maior parte às condições de precipitação na região Sudeste. Os materiais de recobrimento do vale seco assim como a hidrodinâmica dos canais fluviais, estão sendo trabalhados pelos ciclos de umidade no sistema há pelo menos 36.500 anos A.P. É possível vincular a mudança do nível de base entre os rios e a consequente captura do Guaratuba ao Ultimo Máximo Glacial, a cerca de aproximadamente 25.000 anos A.P. A assembleia de táxons formada por Podocarpus sp, Ilex sp, Symplocus sp, Weinmannia sp, Myrsine sp, Alchornea sp,Mytenyus sp, Hedyosmum sp, famílias Myrtaceae, Poaceae e Asteraceae respondem como indicadores de paleoflorestas úmidas e/ou alagadas e paleoclimas frios e úmidos. Os táxons encontrados em sua maior parte adaptados a ambientes florestais frios e úmidos e constantemente ou sazonalmente alagados, indicam uma antigo região pantanosa no vale seco atual. Em cenário com elevação de precipitação seria retomado o aumento da erosão no reverso da escarpa, o que promoveria a retração dos divisores e da escarpa e novas capturas. As capturas são essenciais para a evolução da Serra do Mar e da planície litorânea no Sudeste Brasileiro, tendo como força propulsora a condição climática regional úmida. As respostas sugerem que no Quaternário as fases mais úmidas foram marcadas pelo aumento de taxas de erosão, esvaziamento de fundos de vales pelo aumento de incisão fluvial e rebaixamento do nível de base. A utilização da abordagem sistêmica para o estudo de capturas, tendo como base técnicas interdisciplinares, torna-se essencial ao elucidar em seus resultados a resposta positiva dos indicadores paleoambientais em âmbito regional e local.