Aproveitamento da água residual do processamento do pescado em irrigação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lama, Felipe Morais Del
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64135/tde-14112018-112541/
Resumo: A água residual do processamento do pescado contém elevados teores de matéria orgânica, íons e microrganismos. Devido a essa composição, há a necessidade de tratamento antes do retorno do efluente aos corpos hídricos ou ao meio ambiente. Mesmo após o tratamento, ainda pode haver contaminantes presentes no efluente tratado. Desse modo, práticas sustentáveis de gerenciamento de resíduos, tais como o reúso destes na agricultura, mostram-se adicionais ao tratamento e alternativas ao lançamento do material residual nos diferentes ecossistemas. O objetivo deste trabalho consistiu, inicialmente, em caracterizar química, física e microbiologicamente a água residual proveniente de uma indústria que realiza o beneficiamento de tilápia (Oreochromis niloticus), bem como do efluente tratado, oriundo de uma estação pertencente à própria indústria. Observou-se uma eficiência média de remoção de 90% da matéria orgânica. A concentração microbiana, todavia, apresentou aumento considerável no efluente tratado, tendo sido observado maior número de colônias de Escherichia coli. Ademais, esse mesmo material líquido apresentou concentração média de 123,4 mg/L de nitrogênio e 10,55 mg/L de fósforo, valores considerados elevados. Isso pode ser explicado pela adição inadequada de outros resíduos presentes na indústria, como dejetos humanos, às etapas de tratamento. Realizaram-se, posteriormente, ensaios de irrigação em plantas e sementes de alface (Lactuca sativa var.crispa), empregando-se cada resíduo líquido nas concentrações de 25%, 50%, 75% e 100%. Não houve efeitos adversos ao potencial fisiológico das sementes. Para as plantas cultivadas em substrato de argila, o aumento da concentração dos efluentes aplicados acarretou o acúmulo do íon cloreto (Cl-) nas alfaces. Nesse contexto, constataram-se correlações negativas entre o aumento da concentração de cloreto nos tecidos vegetais, a bioamassa e o crescimento da parte aérea e do sistema radicular. Observou-se, ainda, o aumento da taxa de mortalidade vegetal nos tratamentos irrigados com água residual, à medida que se aumentaram as concentrações desse resíduo. Os resultados referentes à irrigação permitem concluir que o efluente tratado, nas concentrações de 25% e 50%, possibilitou melhor desempenho agronômico. As análises microbiológicas das plantas irrigadas com o efluente em tais concentrações, por sua vez, não mostraram a presença de bactérias patogênicas constantes na legislação brasileira. Apesar disso, melhor gerenciamento das etapas do tratamento dos efluentes faz-se necessário, a fim de que a prática de reúso agrícola seja segura e permita geração de receitas, quesitos estes indispensáveis para a maior ecoeficiência das empresas