Abrindo caminhos para o italiano língua de herança no Brasil: a formação de professores na perspectiva pós-método

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Corrias, Vinicio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8148/tde-27052019-132245/
Resumo: Esta tese é um estudo de caso sobre as particularidades do processo de formação de uma professora de italiano como língua de herança (LH), durante as fases de planejamento, elaboração de material didático e realização de um curso de italiano na cidade de Pedrinhas Paulista (SP), ex-colônia italiana fundada em 1952. O processo de formação ocorreu durante quinze meses e os instrumentos para a coleta de dados foram gravações em áudio dos encontros, interações por meio do aplicativo WhatsApp, questionários, anotações de campo, reuniões e entrevistas com habitantes e membros gestores da comunidade. No que concerne à fundamentação teórica, baseamo-nos em uma concepção ampla de falantes de LH, que inclui não apenas pessoas com proficiência na língua e com laços de ancestralidade, mas também aquelas que, mesmo sem origem italiana, possuem um sentimento de afiliação em relação à língua e à cultura da comunidade que a usa. A literatura da área evidenciou que as políticas linguísticas em prol das LH são insuficientes para mantê-las presentes no país de acolhimento, e que uma LH não deve ser ensinada como uma língua estrangeira. Os resultados deste trabalho indicam que a formação de professores de italiano LH deve contemplar, de maneira especial, dois temas que geram dificuldades na elaboração do material didático e na prática de sala de aula: (a) a relação entre língua padrão e dialetos e (b) a heterogeneidade de conhecimento linguístico e/ou cultural entre os alunos de LH. Essas questões foram consideradas à luz da pedagogia pós-método, que evidencia a necessidade de olhar para fora da sala de aula, de levar em conta fatores sociais, políticos e históricos ligados à imigração e às políticas linguísticas, familiares e institucionais. Em consonância com o princípio da particularidade, o contexto de formação foi detalhadamente analisado, tendo como guia o arcabouço teórico KARDS, em que conhecimentos pessoais e profissionais da professora, bem como as motivações, as necessidades dos alunos, as ações em sala de aula e auto-observação da professora foram elementos-chave para a compreensão do processo formador. A concretização dos outros dois princípios da teoria pós-método, da praticidade e da possibilidade, revelou a importância (a) da postura do formador para que a professora tenha liberdade para expressar seus dilemas e para agir e inovar e (b) da participação da comunidade no desenvolvimento da autonomia da professora e dos alunos na busca de soluções diante da falta de apoio de instituições e órgãos locais. Se, por um lado, a falta de apoio institucional pode trazer liberdade didática ao professor, por outro, limita o oferecimento de cursos de formação de professores de LH e seu ensino. Os resultados evidenciam, por fim, que a formação de comunidades de prática e de comunidades de investigação é essencial para enfrentar as relações linguísticas de poder, para transformar a realidade local, nos níveis pessoal e social.