Estado nutricional de vitamina A na gravidez e associação com desfechos materno-infantis no estudo MINA-Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Neves, Paulo Augusto Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-08102018-081017/
Resumo: Introdução - Exposições adversas relacionadas ao estado nutricional na gestação têm sido associadas a desfechos desfavoráveis para a saúde materno-infantil. Nesse contexto, a deficiência de vitamina A (VA) é uma das carências nutricionais mais relevantes para a saúde dessa parcela da população, especialmente nos países em desenvolvimento. Objetivos - a) investigar preditores da concentração de retinol sérico no início do terceiro trimestre de gestação (Artigo 1), b) investigar a associação entre estado nutricional de VA durante a gestação e anemia materna no parto e peso ao nascer (Artigo 2) e c) investigar a prevalência e fatores associados com a cegueira noturna gestacional (XN) e anemia materna no parto (Artigo 3) em Cruzeiro do Sul, Acre, Amazônia Ocidental Brasileira. Métodos - Trata-se de estudo de coorte de nascimentos (MINA-Brasil: Saúde e Nutrição Materno-Infantil no Acre), a partir do recrutamento de gestantes do município. Entre fevereiro/2015 e maio/2016, gestantes inscritas no prénatal da área urbana foram rastreadas (n = 587) e dois inquéritos realizados: 1ª avaliação com 16-20 semanas de gravidez e a 2ª avaliação com 27-30 semanas de gestação. Informações sobre condições sociodemográficas, ambientais, histórico de saúde e estilo de vida, medidas antropométricas, coleta de sangue em jejum e exame de ultrassonografia foram obtidas pela equipe de pesquisa. Posteriormente, entre julho/2015 e junho/2016, foi realizado registro diário das internações para parto na única maternidade do município com coleta de informações sobre desfechos de interesse para o presente estudo. Modelos de regressão múltiplos de Poisson e lineares foram utilizados nas análises estatísticas, ao nível de significância P<0,05. Resultados - No Artigo 1 (n = 422), a presença de fumante no domicílio foi inversamente associado às concentrações de retinol sérico na gravidez (&#946;: -0,087; IC 95%: -0,166, -0,009); por outro lado, a sazonalidade (inverno amazônico - &#946;: 0,134; IC 95%: 0,063, 0,206), o consumo semanal de frutos amazônicos (ricos em carotenoides - &#946;: 0,087; IC 95%: 0,012, 0,162) e a concentração de retinol entre 16-20 semanas de gestação (&#946;: 0,045; IC 95%: 0,016, 0,074) foram positivamente associados à concentração de retinol sérico no início do terceiro trimestre gestacional. No Artigo 2 (n = 488), independente do momento avaliado na gestação, a deficiência de VA foi associada ao risco para anemia materna (RP: 1,39; IC 95%: 1,05, 1,84) e inversamente associada com as concentrações de hemoglobina materna no parto (&#946;: -3,34; IC 95%: -6,48, -0,20), após ajuste para covariáveis. No mesmo sentido, associação inversa também foi observada para o peso ao nascer (&#946;: -0,10; IC 95%: -0,20, -0,00), contudo, perdendo a significância estatística após ajuste para concentrações de ferritina plasmática. No Artigo 3 (n = 1.525), altas prevalências de cegueira noturna gestacional (11,54%) e anemia materna no parto (39,38%) foram encontradas nesta população. Os fatores associados à cegueira noturna foram o número de pessoas no domicílio (cinco ou mais- RP: 2,06; IC 95%: 1,24, 3,41), fumo na gestação (RP: 1,78; IC 95%: 1,15, 2,78) e ter realizado menos de seis consultas de pré-natal (RP: 1,61; IC 95%: 1,08, 2,40). Os fatores associados à anemia materna foram: ser adolescente (< 19 anos - RP: 1,18; IC 95%: 1,01, 1,38), malária na gestação (RP: 1,22; IC 95%: 1,01, 1,49), não ter usado suplementos na gestação (RP: 1,27; IC 95%: 1,01, 1,62) e o número de consultas de pré-natal (< 6 consultas - RP: 1,40; IC 95%: 1,15, 1,70) Conclusão - Em município da Amazônia Ocidental Brasileira, a carência de VA associou-se ao risco para anemia no parto e foi inversamente associada à hemoglobina materna e o peso ao nascer do bebê. Estratégias e ações para promoção da alimentação saudável e nutrição da mulher no pré-natal precisam ser reavaliadas visando redução dos efeitos adversos da carência de VA para o binômio mãe-filho.