Razão 6/3 como indicador de qualidade da dieta brasileira e a relação com doenças crônicas não transmissíveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Mainardi, Giulia Marcelino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-04112014-103232/
Resumo: Introdução: A carga de doenças crônicas está aumentando rapidamente em todo o mundo. A proporção de ácido graxo 6/3 é um indicador qualitativo da dieta e sua elevação tem se mostrado associada a doenças crônicas na idade adulta. Em diversos países os padrões alimentares modernos apresentam proporção elevada de ácido graxo 6/3, no Brasil esse dado é desconhecido. Objetivo: Identificar os padrões de consumo alimentar da população brasileira na faixa etária de 15 a 35 anos e investigar a associação desses padrões com fatores de risco biológicos para doenças crônicas. Métodos: Foram utilizados dados do inquérito de consumo alimentar individual (POF 7) da Pesquisa Orçamento Familiares (POF) 2008 a 2009. Para estimar os padrões alimentares utilizou-se a análise de componentes principais (ACP), com rotação varimax. Para determinar o número de componentes a serem retidos na análise, consideramos aqueles com eingenvalues 1 e, para caracterizá-los, as variáveis com loadings |0,20|. Realizou-se o teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) para indicar a adequação dos dados à ACP. As associações entre os padrões alimentares (escores fatoriais) e fatores de risco para doenças crônicas, sintetizados na razão 6/3 do consumo alimentar acima de 10:1, foram estimadas através de regressões linear e logística. Foram considerados estatisticamente significantes os valores com p<0,05. As análises foram realizadas no software STATA 12. Resultados: Na amostra de 12527 indivíduos foram identificamos 3 padrões alimentares (P). O P3 caracterizado pelo consumo de preparações mistas, pizza/sanduíches, vitaminas/iogurtes, doces, sucos diversos e refrigerantes apresentou efeito de redução na 6/3 da dieta; o P1 pró inflamatório caracterizado por carnes processadas, panificados, laticínios, óleos e gorduras apresentou efeito de aumento na razão 6/3, este padrão é mais praticado pela população de menor renda em ambos os sexos. Observou-se baixo consumo de frutas e hortaliças em todos os padrões alimentares. Supondo-se um aumento na prática dos padrões 2 e 3, haveria a diminuição da probabilidade da pratica do P1 em 5 por cento em ambos os sexos. O índice de confiança da ACP, estimado pelo coeficiente KMO foi 0,57. Conclusão: Os padrões alimentares caracterizados pelo consumo de óleos e gorduras, carnes processadas, laticínios e panificados contribuíram para o aumento da 6/3 da dieta brasileira e, por extensão, para o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Padrões alimentares complexos e com ampla gama de alimentos consumidos se mostram mais efetivos na redução da razão 6/3 da dieta de brasileiros adultos, lembrando que esse efeito é devido ao papel de sinergia durante a digestão e absorção que os alimentos exercem no organismo, já que o consumo se dá por uma variedade de alimentos e não por alimentos isolados. As políticas públicas na área da alimentação devem levar em conta a razão 6/3 como um dos marcadores da qualidade da dieta no País.