Sexualidade e gênero: estudo das relações afetivas de jovens surdas de uma escola municipal de educação especial de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Ribeiro, Karen
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06072011-102643/
Resumo: O presente trabalho investiga práticas, experiências e vivências da sexualidade de jovens surdas, usuárias da língua brasileira de sinais, a Libras. Foram realizadas observações, entrevistas e discussões com dez surdas de 12 a 17 anos, estudantes de uma escola municipal de educação especial (EMEE) de São Paulo, voltada para o atendimento de crianças, jovens e adultos/as com surdez, surdocegueira e outras deficiências associadas. Os dados foram analisados de maneira qualitativa, à luz da abordagem sociológica e dos conceitos de surdez, juventude, sexualidade e gênero. Também foram entrevistadas seis professoras, três agentes escolares e uma inspetora de alunos. O estudo investigou como se constitui a sexualidade dessas estudantes e qual o papel desempenhado pela escola e pela família nesse processo. Foi constatado que as jovens apresentam desinformação, dúvidas e mitos sexuais, alguns muito próximos da realidade de jovens, sejam surdos ou não. Mas elas não têm acesso às informações detalhadas relativas à prevenção das DST/AIDS e aos métodos contraceptivos, em função do desconhecimento da Libras pela maioria da população ouvinte, da falta de acesso a livros e revistas e à internet, da ausência de intérpretes de Libras e das legendas ocultas nos programas de TV. Verificou-se que, apesar da pouca fluência em Libras, as mães das jovens são consideradas por elas pessoas significativas em relação aos valores e informações ligados à sexualidade. Na escola, algumas iniciativas ressaltam os aspectos biológicos da sexualidade e não há um programa sistemático de educação sexual que contemple seus aspectos positivos para além da prevenção. Destaca-se, por fim, que a construção da sexualidade dessas jovens é marcada não só pelo controle e pela tutela do sexo feminino, presente em nossa sociedade, mas pela desigualdade social no seu cruzamento entre gênero e deficiência. As jovens percebem a falta de comunicação que as cerca, tanto decorrente da falta de traquejo com a Libras, quanto advinda do silêncio que marca a discussão sobre o sexo na família e na escola. De algum modo se dão conta e às vezes denunciam essa opressão, ainda que nem sempre localizem suas dificuldades em um quadro mais amplo, com o máximo de porosidade entre as fronteiras criadas entre as pessoas surdas e ouvintes, ou, por que não dizer, com o desmoronamento dessa demarcação.