Variablidade da posição da zona de convergência intertropical no Atlântico Oeste e a oscilação do Madden-Julian

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Maciel, Ana Helena Corrêa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
MJO
OMJ
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/14/14133/tde-06072020-115657/
Resumo: A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é um dos sistemas meteorológicos mais importantes e evidentes nos trópicos. Esse sistema tem fundamental importância na determinação dos regimes de precipitação nesta região. Uma das principais características da ZCIT é seu deslocamento latitudinal, que representa seu ciclo anual. A ZCIT no Atlântico (ZCIT-A) pode chegar a 2º S em março e abril e 14º N entre agosto e setembro, período em que a ZCIT se encontra em seus extremos austrais e boreais, respectivamente. Além do deslocamento sazonal, a ZCIT também pode ser modulada na escala intrassazonal. A principal fonte de variabilidade intrassazonal na atmosfera é a Oscilação de Madden-Julian (OMJ), que pode modular sistemas em regiões remotas do globo. Além disso, a OMJ é o principal mecanismo atmosférico que modula a precipitação na Região Nordeste e no leste da Amazônia na escala intrassazonal. O monitoramento da posição média da ZCIT-A e sua associação com outros sistemas meteorológicos possui grande importância para a determinação da estação chuvosa das Regiões Norte e Nordeste, principalmente sobre a região costeira dessas áreas. O presente trabalho teve como principal objetivo investigar as flutuações intrassazonais de posições latitudinais da ZCIT do Atlântico Oeste (ZCIT-AO) e sua relação com a OMJ. Para isso, foi desenvolvido um índice para localizar a ZCIT-AO latitudinalmente. Através desse índice foram feitas análises estatísticas e os resultados puderam ser associados à atividade da OMJ. As análises mostraram que o índice elaborado é eficiente pois conseguiu descrever bem o ciclo anual da ZCIT-AO. Após a filtragem do índice na banda intrassazonal, a comparação de eventos extremos com as fases da OMJ permitiu identificar um padrão na ocorrência de eventos, principalmente no outono no qual foi identificada uma maior ocorrência de eventos extremos austrais durante as fases 3 a 6, enquanto os extremos boreais foram mais frequentes nas fases 7 a 2 da OMJ. Essa relação pode influenciar diretamente em regimes de precipitação das regiões adjacentes ao Atlântico tropical, bem como a Região Nordeste do Brasil. Além disso, composições de radiação de onda longa emergente (ROLE), vento próximo à superfície, precipitação, função de corrente e vento meridional em altos níveis, permitiram analisar os padrões intrassazonais dessas variáveis em cada uma das fases, para cada estação. As análises de composições e de padrões de teleconexão permitiram concluir que as perturbações atmosféricas geradas pela OMJ na região dos Oceanos Índico e Pacífico podem modular indiretamente o posicionamento da ZCIT-AO através de trens de ondas de Rossby. O fortalecimento, enfraquecimento ou deslocamento da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e da Alta Subtropical do Atlântico Norte (ASAN) foram alguns dos mecanismos observados nesse trabalho associados ao deslocamento latitudinal da ZCIT-AO. Na maioria dos casos, um trem de ondas se desloca sobre o Pacífico Norte e/ou Sul e chega à região do Atlântico Norte e/ou Sul favorecendo anomalias ciclônicas ou anticiclônicas, contribuindo diretamente para o enfraquecimento ou fortalecimento dos alísios, o que favorece o deslocamento da ZCIT-AO para norte ou sul. Por fim, um breve estudo de casos extremos permitiu verificar que outros mecanismos podem atuar e modular a variabilidade intrassazonal da posição da ZCIT-AO, pois os eventos extremos austrais selecionados atuaram durante a inatividade da OMJ. Os eventos extremos boreais apresentaram a ZCIT-AO bem melhor definida quando comparado aos extremos austrais. Dessa forma, o presente trabalho sugere que as fases da OMJ podem contribuir para o deslocamento da ZCIT-AO e para o favorecimento ou não de precipitação sobre o Brasil, principalmente Regiões Norte e Nordeste, colaborando para o avanço do conhecimento desta importante interação.