A cultura popular face à crise da cidade e do urbano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Lozano, Lina Patricia Giraldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-04102013-132815/
Resumo: O processo de modernização acelerado da sociedade que, para se realizar, precisa da produção de um espaço urbano fortemente homogêneo, hierarquizado e fragmentado tende a exacerbar as contradições centro-periferia. No caso de Bogotá, a modernização via planejamento Estatal acentua o fenômeno de periferização e com ele a segregação espacial. Encontramos assim, por um lado, um centro antigo que, por ser produzido como símbolo histórico e arquitetônico da cidade, tende a perder progressivamente suas características polimultifuncionais. É na região central onde, por meio da configuração de paisagens sumamente controladas e normatizadas, o Estado impõe de maneira muito violenta a desagregação das relações sociais. Por outro lado, encontramos uma área pericentral estilhaçada e periferizada, contudo, reduto de uma vida social intensa cujo sustento são os vínculos imediatos, laços de solidariedade e de confiança. Aqui o urbanismo de tipo espontâneo já é um indicativo da capacidade extraordinária que têm as populações periféricas de se apropriar dos espaços, de produzir o espaço enquanto obra. É na área pericentral de Bogotá, especificamente no bairro Egipto, que tem acontecido tradicionalmente a festa de Reyes Magos e de Epifania. Ela é fruto da persistência de práticas culturais e religiosas de origem camponesa, indígena e urbana que se imbricam definindo o característico sincretismo da cultura popular. O próprio desenvolvimento da festa e o fato dela estar reservada às camadas de menores rendas da cidade a consolidam como uma festividade periférica. A tendência à institucionalização, tanto por parte da Igreja, do Estado como da empresa privada, revela já aspectos da crise da cidade e do urbano. A festa, contudo, torna-se a possibilidade das populações dos bairros pericentrais reconstituírem a centralidade abafada pelo poder Estatal, pois implica não só a consolidação da identidade do próprio bairro, senão a possibilidade de apropriação integral do espaço que é usado para a restituição dos encontros, da sociabilidade, do lúdico. Nesse contexto, o objetivo principal deste trabalho consiste em estudar as implicações, desdobramentos e contradições do processo de modernização de Bogotá que resultam na produção das áreas pericentrais da cidade e, consequentemente, na constituição da cultura popular que é exemplificada por meio do desenvolvimento da festa de Reyes Magos do bairro Egipto.