Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Rocha, Shenna Luissa Motta |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-24072024-110207/
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Resumo: |
As práticas letradas desenvolvidas no século XVIII guardam aspectos específicos de um período em que a religião afetava diretamente a sociedade. No âmbito dessas práticas, a produção poética de cunho religioso, realizada por mulheres em situação de clausura, é notável tanto por suas qualidades, quanto por seu ostracismo. Com o objetivo de lançar luz a essas produções, a presente tese expõe uma análise da obra Reyno de Babilônia ganhado pelas armas do Empyreo (1749), de autoria da freira portuguesa Maria Magdalena da Glória, que assina seus títulos com o pseudônimo Leonarda Gil da Gama. Como fundamentação teórica e método de análise, utilizamos a Semiótica francesa, que nos dá, por meio do percurso gerativo, o ferramental necessário para compreender os níveis de construção do sentido do texto, que vai do fundamental, passando pelo narrativo, culminando com o discursivo. Fundamentamo-nos teórica e metodologicamente, sobretudo, em Greimas (1975, 1976, 2014, 2017, 2018), Barros (1988, 2004, 2011, 2019), Bertrand (2003, 2004) e Fiorin (1988, 2016, 2018, 2019, 2020). Escrita em prosa, a novela alegórica de cunho moral apresenta uma narrativa pluri-isotópica, cujo primeiro tema é o casamento. Subjacente a este, temos o tema da conversão doutrinária. As análises apontam que a obra Reyno de Babilônia foi desenvolvida segundo a composição formal do gênero novela alegórica como forma de cumprir as exigências de doutrinação impostas pelo movimento da contrarreforma, que via nas práticas letradas ficcionais uma forma de atingir públicos de esferas sociais e graus de instrução variados, como os cristãos recém-convertidos ou mesmo jovens religiosas em situação de clausura. Constata-se, também, a existência de uma oposição de base que rege a narrativa: conceitos como perdição vs salvação, e seus desdobramentos, vício vs virtude, são responsáveis pela formação ideológica cristã discursivisada no texto, e pela forma como ela é figurativizada. Observando o nível discursivo do percurso gerativo de sentido, verificamos que a figurativização se destaca dentre os procedimentos utilizados para cumprir a finalidade catequética, tendo em vista o caráter persuasivo assumido pela profusão das figuras de retórica dispostas em todo o texto. A sensorialidade, produto dessa organização discursiva, apresenta-se em suas mais diversas ordens: olfativa, táctil, sonora, visual e do paladar. A análise concentrou-se em confirmar como esse procedimento discursivo é fundamental para veicular a ideologia católica, na medida em que se vale da concretização de valores para tornar crível, palpável, sensível, os conceitos de perdição e de salvação, operando assim a conversão do sujeito, no âmbito do enunciado, e a do enunciatário, no âmbito da enunciação |