Relações entre corticosterona, cativeiro como estressor e a resposta imune inata em anuros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Feris, Farides Del Carmen Lamadrid
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-14082021-134038/
Resumo: Anfíbios anuros enfrentam um drástico declínio populacional em nível mundial, devido às mudanças ambientais, perda de habitat e doenças infeciosas emergentes. Essas ameaças representam estressores capazes de gerar respostas crônicas com consequências letais aos anuros. As respostas fisiológicas a estressores podem gerar efeitos imunomodulatórios complexos, que dependem da duração e da intensidade do aumento da concentração plasmática de glicocorticoides (GCs) em sua decorrência. Os efeitos tendem a ser imunoestimulatórios em resposta a estressores agudos e imunossupressores em resposta a estressores crônicos. O objetivo dessa tese foi compreender o impacto do aumento experimental da concentração plasmática de GCs e do cativeiro como estressor, sobre a resposta imune inata e microbiota da pele dos anfíbios anuros. No primeiro capítulo da tese, foi investigado se é possível emular experimentalmente níveis crônicos de corticosterona (CORT) para avaliar seus efeitos sobre a imunidade inata em indivíduos de Rhinella ornata, espécie de sapo associada a regiões florestadas do Brasil. Para tanto, sapos foram implantados subcutaneamente com tubos silásticos contendo CORT (grupo experimental) e tubos silásticos vazios (grupo controle). Amostras de plasma foram obtidas a cada 5 dias após o implante, durante 15 dias, para estimar a concentração de CORT e a capacidade bactericida plasmática (CBP) contra Aeromonas hydrophila. O tratamento aplicado aumentou a concentração plasmática de CORT ao longo do período experimental e resultou em aumento do CBP do dia 1 ao dia 10 pós-implante, e uma redução da CBP no dia 15 pós-implante. Esses resultados evidenciaram que os implantes de CORT elevaram a concentração de CORT no plasma de maneira crônica, levando à imunomudulação complexa ao longo do tempo experimental. No segundo capítulo da tese, foi investigado se a manutenção em cativeiro de indivíduos da perereca das folhas (Phyllomedusa distincta) resultou em estresse, gerando impactos sobre a iP. distincta foram mantidos em cativeiro por 28 dias e amostrados a cada 7 dias. Foram coletadas amostras de sangue, secreções cutâneas, e microbiota da pele. A manutenção em cativeiro não alterou a concentração plasmática de CORT, mas reduziu a CBP, incrementou a riqueza de sinais iônicas nas secreções cutâneas e alterou a estrutura do bacterioma da pele, diminuindo a diversidade e abundância gerais. As bactérias potencialmente benéficas contra A. hydrophila e B. dendrobatidis aumentaram em cativeiro. O bacterioma das amostras do campo foi mais parecido com o do último dia em cativeiro, evidenciando uma tendência à resiliência das comunidades. Após a submissão experimental aos estressores (tubos silásticos e cativeiro), as duas espécies mostraram diminuição da CBP, mas só os sapos implantados mostraram aumento da CORT. Esses resultados indicam que o uso de implantes de CORT é um estressor para os sapos, sendo capaz de ativar o eixo HHI, aumentando a secreção de CORT e estimulando a função imunitária no inicio e diminuindo ela com o tempo. Adicionalmente, as pererecas de folha apresentam uma função imune inata plasmática menor se comparada à dos sapos, e elevada ao nível cutâneo o que poderia aumentar seu valor adaptativo no seu ambiente nativo e favorecer o sucesso frente a patógenos emergentes.