Campos de memória, latifúndio de esquecimento: luto, memória e fantasmagoria no meio rural paraibano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Yann Gomes dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8161/tde-10102024-124652/
Resumo: A presente tese aborda questões relativas ao luto dos familiares de mortos e desaparecidos políticos da ditadura civil-militar brasileira. Especificamente, volta-se para o contexto rural paraibano de luta pela terra e melhores condições de vida no movimento conhecido como Ligas Camponesas. A forte repressão do estado e de Milícias Privadas, ao modo de vida e luta dos camponeses da região do litoral e zona da mata paraibanos, nos permite apontar mecanismos de esquecimento e sujeição das reivindicações populares. O objetivo da tese é identificar as consequências do dispositivo do desaparecimento forçado e da ocultação de cadáver para a forma de vivenciar o luto e a memória no contexto analisado. Foi utilizado o delineamento metodológico de pesquisa bibliográfica e documental realizada junto a Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória do Estado da Paraíba de onde extraímos as entrevistas. A tese está escrita na forma de ensaios, pois tal formato corrobora com o questionamento e abertura do debate. Cada um dos ensaios se divide em um desdobramento temático da análise: luto, onde verificamos a questão e importância do corpo como também sua relação com o rito e monumento. Outro ensaio problematiza a questão do fantasma, a produção de fantasmagorias e espectros no âmbito político como consequência de um processo colonial e ditatorial, mas também pela desconfiança que o monumento camponês gerou no pensamento político em sua análise do capitalismo. Por fim, terceiro ensaio questiona o caráter melancólico e mortal das relações políticas no Brasil que perpetuam a não memória ou o esquecimento, e aqui retomamos as consequências da ausência do corpo e o caráter espectral de uma política pautada no extermínio e no assassínio segundo a perspectiva de Mbembe de necropolítica. Como resultado, identificamos que os dispositivos e táticas usados pela ditadura e pelo latifúndio tem obtido sucesso em perpetuar esquecimento ou negar a luta e protagonismo do movimento camponês, interferindo diretamente na forma como as famílias e as comunidades vivenciam o luto dos perseguidos políticos que estão desaparecidos