Geografia e literatura: das Veredas de Matozinho às Delicadas Tramas do Labirinto da Cidade de Crato-CE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Dantas, José Valdir Estrela Figueiredo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-23072019-143906/
Resumo: Esta pesquisa verseja sobre a relação Ciência (Geografia) e Arte (Literatura), formas de reflexo da realidade e objetivação humana. Dito isto, nosso objetivo principal é analisar o processo de modernização urbana da cidade do Crato, Ceará, tendo como referência central os livros \"Matozinho Vai à Guerra\" (2007) e a \"Delicada Trama do Labirinto\" (2013), ambos de autoria do escritor José Flávio Vieira. A partir de um recorte espaço-temporal (Crato, 1950 aos dias atuais) analisamos as transformações sócio-espaciais fundamentadas em um ideário de modernidade que afetou não somente o arcabouço físico da urbe, a exemplo da demolição de prédios e casas históricas ou de interferências estruturais no solo urbano que até hoje são vistas como cicatrizes abertas (destruição criativa por meio da guerra de Matozinho), mas de mudanças quanto à forma de sociabilidade, na cultura (culinária, dança, moda, música, etc.), da perda do centro, dos referenciais históricos, de sujeitos alienados (perdidos nas Tramas do Labirinto). Para tal, tendo o materialismo histórico e dialético como método, escolhemos o que Harvey (2015) denominou de \"materialismo histórico-geográfico\", que consiste em uma possibilidade teórico-prática para entender a dinâmica urbana em um dado espaço-tempo. Além do diálogo principal com a Literatura, sobretudo a partir das contribuições de Marx e Engels (2014; 2011) e Lukcás (2009; 2010; 2016), não abdicamos daquilo que podemos chamar de o \"acervo da cidade\", que consiste em uma análise documental envolvendo o objeto de pesquisa. O entendimento da Arte e da Ciência como formas de reflexo da mesma realidade, ou seja, não as distanciando da vida cotidiana, eleva a autoconsciência do ser humano, nos possibilitando refletir, a exemplo do que foi feito nesta pesquisa, sobre a lógica da urbanização enquanto via de acumulação do capital, revelando a pobreza da experiência urbana por meio de uma forma de sociabilidade que reforça a dimensão individual dos sujeitos, cada dia mais segregacionados em uma cidade cada vez mais dividida, na qual muros coibi encontros e reuniões; onde o valor de troca sobrepõe-se ao valor de uso. Inicialmente esteados numa perspectiva interdisciplinar, que pretende unir forças entre campos para superar a fragmentação do saber, ao longo da pesquisa fomos radicalmente nos distanciando dessa perspectiva. A retomada de consciência refundou os rumos da pesquisa e nosso modo de olhar o mundo, como tentamos expor ao final (por meio de \"registros ontológicos\" feitos ao longo da pesquisa), nos elementos pós-textuais.