Formação de preços na cadeia agroindustrial da soja na década de 90

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Mafioletti, Robson Leandro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20191218-175121/
Resumo: Esta pesquisa analisou o processo de formação dos preços do complexo soja tanto entre níveis de mercado, ou seja, produtor, atacado e varejo e mercado externo, quanto entre as principais regiões produtoras e consumidoras de soja e derivados no mercado interno. A análise foi realizada no período de janeiro de 1982 a dezembro de 1999, após subdividiu as séries de preços mensais em dois períodos, década de 80 e década 90, tendo como objetivo captar o efeito das mudanças ocorridas n na década de 90, com o advento da abertura comercial e maior liberalização dos mercados. As regiões definidas para o estudo foram os principais estados produtores de soja e derivados, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e no mercado externo considerou-se as cotações da CBOT como proxy dos preços internacionais. No estudo do panorama do complexo soja ficou evidente a grande importância que este exerce em todo o agribusiness brasileiro. Tanto na produção de farelo para alimentação animal, como de óleo comestível para o consumo da população internamente, quanto na geração de divisas. Setenta por cento da produção são exportados nas formas de soja em grãos, farelo e óleo, gerando nesta última década em torno de 9% do total das receitas cambiais provenientes das exportações brasileiras. A metodologia utilizada para determinar a relação causal entre os preços foi o teste de Granger. Depois de determinado o sentido de causalidade estimou-se as elasticidades de transmissão de preços e finalmente testou-se a assimetria na transmissão de preços. Os resultados demonstram a rapidez de transmissão de preços no setor, com períodos de defasagem de no máximo de um mês. Somente em poucos casos ocorreu período de transmissão de dois ou três meses. Isso indica a eficiência na transmissão dos preços entre os níveis de mercado e entre as regiões estudadas. Observou-se ainda que as variações dos preços ao nível de produtor tendem a ser antecedidas pelas variações que ocorrem no mercado internacional e ao atacado (tanto de óleo como de farelo). Isso pode ser explicado pelo menor poder de mercado que o produtor rural tem em relação aos demais níveis, e a maior dificuldade que o produtor tem de acesso às informações. Os acréscimos de preços tendem a ser transmitidos mais do que proporcionalmente do que no caso de decréscimos de preços em todos os casos estudados. Para a década de 1980 não se verificou relação de causalidade entre os preços da soja em grão do mercado externo para o mercado interno. No caso do farelo, houve relação dos preços externos para os internos; no entanto, estas relações foram uni-causais e transmissão menos do que proporcional. No caso do óleo, não houve relação de causalidade dos preços externos para os preços internos e ocorreu relação bi-causal dos preços do óleo ao atacado e ao varejo internamente. Os resultados encontrados por Aguiar no estudo do complexo soja na década de 1980 apresentaram variações dos preços externos transmitidas mais que proporcionalmente aos preços internos. Ocorreram, dessa forma, algumas mudanças em relação aos resultados encontrados neste estudo, como relação bi-causal no mercado do farelo e causalidade dos preços externos para os preços internos no mercado do óleo. Uma possível explicação para as diferenças encontradas é a área de abrangência do estudo e o tipo de teste de causalidade utilizado. Aguiar estudou o estado de São Paulo e empregou o teste de causalidade de Sims. Neste estudo considerou-se o país todo e o teste de causalidade foi o de Granger. Na década de 1990 houve relação causal dos preços internacionais para os preços domésticos, aqui representados pelos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, para soja em grãos. No caso do farelo os preços continuaram sendo determinados no mercado internacional. No Brasil considerando-se o Estado de São Paulo e Paraná, observa-se causalidade dos preços do farelo no primeiro para os preços do farelo no segundo. Essa relação não ocorreu na década de 1980. No caso do óleo, as relações aconteceram dos preços externos para os internos e, internamente, não houve relação entre os preços ao atacado e ao varejo