O significado da experiência de abrigo e a auto-imagem da criança em idade escolar.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Montes, Daniela Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7133/tde-02102006-155956/
Resumo: A experiência da criança em situação de abrigo pode dificultar o desenvolvimento de uma auto-imagem positiva quando o abrigo não atende os princípios estabelecidos por lei. Os valores, as crenças, as imagens, as atitudes e o conjunto de informações vividas na infância delineiam a imagem que a criança tem de si. Por isso, é necessário estudar em que medida o abrigo, em sua função de proteção, contribui, ou não, para a formação da auto-imagem da criança em situação de risco pessoal e social. Se, por um lado, a situação de abrigo pode evitar ou reduzir danos à criança que, no seio da família, se encontrava em situação de risco; por outro, pode causar prejuízos na formação da auto-imagem da criança. Assim, esse estudo teve o propósito de apreender o significado da experiência de abrigo para crianças em idade escolar e identificar referências sobre sua auto-imagem em seus relatos. Considerando os objetivos acima referidos, o método utilizado para desenvolver esta pesquisa foi de cunho descritivo e qualitativo. A escolha por este método deveu-se ao fato dele possibilitar a apreensão da realidade subjetiva de um grupo social. Para tanto, foram realizadas entrevistas com quatorze crianças em situação de abrigo. A organização dos dados permitiu identificar que o significado da experiência de abrigo está associado ao cotidiano, às relações com a família e com os cuidadores. Já a auto-imagem está associada à trajetória de vida, à visão do amigo, à imagem corporal e ao autoconceito. Os relatos das crianças referentes ao significado da experiência de abrigo mostraram ambivalência de sentimentos em relação à instituição. Elas não reconhecem o abrigo como sua casa, contudo percebem que ele atende melhor as necessidades materiais do que suas famílias. Elas sentem que, no abrigo, são cuidadas e protegidas, têm melhores oportunidades de aprendizagem e maior acesso ao lazer. Gostam da instituição, mas desejam que essa situação seja transitória e que possam retornar para casa. Ao mesmo tempo em que os limites impostos pelas rotinas e normas permitem que elas se sintam cuidadas e protegidas, eles causam descontentamento devido às repreensões e falta de liberdade. Os relatos referentes à auto-imagem mostraram que todas as experiências vivenciadas pela criança refletem em seu autoconceito e que, apesar de seu histórico de violência familiar, elas buscam mecanismos de enfrentamento que as permitem desenvolver uma auto-imagem positiva em algumas áreas. O estudo possibilitou compreender que não só a instituição exerce influência sobre a auto-imagem da criança, como esta também influencia a experiência de abrigo.