Avaliação da terapia com iodo radioativo (I-131) em gatos acometidos por hipertireoidismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Pimenta, Marcela Malvini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-11042018-113737/
Resumo: Dentre as possibilidades de tratamento para o hipertireoidismo em gatos, a terapia com iodo radioativo I-131 (radioiodoterapia) apresenta inúmeras vantagens em relação ao tratamento cirúrgico e medicamentoso, por ser capaz de atuar em tecidos tireoidianos ectópicos e por se tratar de um procedimento simples, efetivo, não invasivo, isento de riscos anestésicos e complicações pós cirúrgicas, com a possibilidade de efeitos colaterais mínimos. Foi realizado um estudo clínico longitudinal retrospectivo com 60 gatos hipertireoideos com o objetivo de avaliar o efeito da terapia com iodo radioativo (I-131) em dois grupos: gatos tratados previamente com metimazol (n=30) e gatos não submetidos a tratamento farmacológico prévio (n=30). As fêmeas constituiram 60% dos pacientes avaliados (36/60). Os gatos sem definição racial foram os mais frequentes, representando 81,6% da população estudada (49/60). A média de idade dos gatos nos dois grupos foi de 13 anos e sete meses (p=0,08). A média da concentração sérica de T4 total dos gatos antes da aplicação de I-131 também foi similar entre os grupos, i.e. 12,33µg/dL no grupo de gatos em que o metimazol foi administrado e 10,13 µ/dL no grupo de gatos que não recebeu metimazol anteriormente (p=0,2). A dose de I- 131 utilizada (2,0-4,1 mCi /74-151,7 Mbq) foi efetiva para suprimir o T4 total nos dois grupos, porém, a resposta dos gatos não tratados com metimazol foi superior, mesmo recebendo dose inferior de I-131. Após a terapia com I-131, a mediana de T4 total sérico do grupo não tratado por metimazol foi de 1,82µg/ dL em comparação a mediana de 3,20µg/dL encontrada no grupo tratado com metimazol (p=0,04). As medianas das doses aplicadas foram 3,08 mCi e 2,70 mCi para o grupo tratado por metimazol e para o grupo não tratado por metimazol, respectivamente (p=0,1). Dos 30 gatos do grupo que recebeu metimazol previamente a terapia com I-131, dez (33,3%) apresentaram valores de T4 sérico dentro do intervalo de referência, oito (26,7%) tiveram o T4 total sérico abaixo dos valores de referência, 12 (40%) tiveram valores de T4 total sérico acima do valor de referência. Dos 30 gatos que não receberam terapia medicamentosa prévia, 14 gatos (46,7%) tiveram valores de T4 total sérico dentro do intervalo de referência, 12 gatos (40%) tiveram o T4 total sérico abaixo dos valores de referência e quatro gatos (13,3%) apresentaram valores de T4 total sérico acima do limite superior de referência. O tratamento prévio com metimazol correlacionou-se negativamente com a resposta à terapia com I-131 (kmo= 0,9, p = 0,02), sendo também considerado preditor de descompensação renal após terapia com I-131 (kmo = 0,6 e p = 0,009). As medianas de creatinina sérica pré tratamento com I-131, encontraram-se dentro dos valores de referência para a espécie felina, i.e. 1,02mg/dL no grupo tratado com metimazol e 1,09mg/dL no grupo não tratado por metimazol (p=0,3). A dosagem sérica de creatinina se diferiu entre os grupos na avaliação posterior ao tratamento com I-131 (p<0,001). A média do grupo tratado com metimazol foi superior a do grupo não tratado, i.e. 1,86mg/dL vs. 1,48mg/dL, respectivamente. A classificação IRIS da DRC alterou em pelo menos um estágio em 22 de 39 gatos avaliados após a radioiodoterapia. Dezoito gatos evoluíram do estágio um para o estágio dois da DRC, dos quais 12 gatos eram do grupo tratado anteriormente com metimazol (66,7%) e seis gatos eram do grupo que não recebeu metimazol (33,3%). Quatro gatos passaram do estágio um para o três da DRC, todos eles pertenciam ao grupo tratado previamente com metimazol. Os resultados encontrados neste estudo sugerem que o tratamento com uma única aplicação de I-131 é efetivo para gatos, mesmo naqueles tratados previamente com terapia antitireoidiana farmacológica, contudo, a resposta foi otimizada nos gatos que utilizaram o I-131 como primeira linha de tratamento. A triagem inicial com metimazol se correlacionou à resposta menos favorável à terapia com I-131 e à maior progressão da DRC.